A MEDIAÇÃO UNIVERSAL DE MARIA SANTÍSSIMA
8ª PARTE
Em 1750, Santo Afonso Maria de Ligório
publicou um livro com o título “As Glórias de MARIA”. O
Papa Bento XV, ao falar deste livro, disse: “É um livro perene”.
De fato, quem lê a maravilhosa Obra (que a seus devotos recomendamos)
experimenta um terno amor para com a MÃE de DEUS, uma confiança inabalável no
Poder e Amor da Virgem Medianeira, e fica certo da salvação, se for sincero
devoto de MARIA.
O quinto capítulo de “Glórias de MARIA”, Santo Afonso o
dedica à Mediação Universal, defendendo-a contra Luiz Muratori, um escritor
daquele tempo, que não queria admitir esta doutrina. Afirma o Santo que a
intercessão de MARIA é moralmente necessária para a nossa salvação, dizendo:
“Só os que são faltos de fé podem
duvidar de que o recorrer a Intercessão de MARIA Santíssima seja coisa
utilíssima e santa. O que, porém, temos em vista é provar que esta Intercessão
é também necessária à nossa salvação; necessária não absoluta, mas moralmente,
como deve ser.
A origem desta necessidade está na própria Vontade de DEUS, o qual quer que
pelas Mãos de MARIA Santíssima passem todas as Graças que nos dispensa. Tal é a
doutrina de São Bernardo, doutrina atualmente comum a todos os teólogos e
doutores, conforme o autor do “Reino de MARIA”.
Muratori dissera que a proposição de não conceder o SENHOR Graça alguma, senão
por meio de MARIA, é hipérbole, exagero que escapou ao fervor de alguns santos.
Ao que Santo Afonso responde:
“Seja-me
permitido recordar ao autor uma distinção que ele mesmo fez. No seu livro
acentua também a diferença entre a mediação da justiça, em vista dos méritos, e
a mediação de graça por via de intercessão. Do mesmo modo uma coisa é dizer que
DEUS não possa, e outra que DEUS não queira conceder Suas Graças sem a
Intercessão de MARIA.
Nós concedemos que DEUS é a Fonte de todos os bens e o SENHOR absoluto de todas
as Graças. Confessamos também que MARIA não é mais que uma Pura Criatura, e que
tudo quanto obtém, tudo recebe de DEUS. Mas esta Sublime Criatura, mais do que
as outras, O Honrou e Amou, sendo por ELE escolhida para MÃE de SEU FILHO, o
Salvador do mundo. Querendo exaltá-LA de modo extraordinário, o SENHOR
determinou por isso que por Suas Mãos hajam de passar e sejam concedidas todas
as mercês dispensadas às almas remidas. Não é muito razoável e muito
conveniente uma tal suposição? Quem poderá dizer o contrário?
Não há dúvida, confessamos que JESUS CRISTO é o Único Mediador de Justiça,
porque por SEUS Méritos nos obtém a Graças e a Salvação. Mas ajuntamos que
MARIA é Medianeira de Graças e como tal pede por nós em Nome de JESUS CRISTO, e
tudo nos alcança pelos Méritos DELE.
Assim, pois, à Intercessão de MARIA devemos todas as Graças que solicitamos.
Nada há nisso de contrário aos Sagrados Dogmas. Ao invés, o que há é plena
conformidade com os sentimentos da Igreja. Nas orações por ela aprovadas,
ensina-nos a recorrer sempre à MÃE de DEUS e a invocá-LA como salvação dos
doentes, refúgio dos pecadores, auxilio dos cristãos, vida, doçura e esperança
nossa. Nas Festas da Santíssima Virgem, aplica-LHE no Ofício as palavras dos
Livros da Sabedoria, e assim nos da a entender que NELA acharemos toda a
esperança: “Sou a mãe do puro amor, do temor (a DEUS), da ciência e da santa
esperança, em mim se acha toda a graça do caminho e da verdade, em mim toda a
esperança da vida e da virtude.” (Eclo. 24, 24-25)
“Pois quem me acha encontra a vida e alcança o favor do Senhor. Mas quem
ofende, prejudica-se a si mesmo; quem me odeia, ama a morte.” (Pv. 8, 35-36)
“Aquele que me ouve não será humilhado e os que agem por mim não pecarão.
Aqueles que me tornam conhecida terão a vida eterna.” (Eclo. 24, 30-31). Tudo
está mostrando quão necessária nos é a Intercessão de MARIA.
Segundo São Bernardo, “DEUS premiou MARIA com todas as graças, para que, por
Seu intermédio, recebam os homens todos os bens que lhes são concedidos”.
Faz aqui o Santo uma profunda reflexão, acrescentando: “Antes do
nascimento da Santíssima Virgem, não existia para todos essa torrente de
Graças, porque não havia ainda esse desejado aqueduto. MARIA foi dada ao mundo para
que, por Seu intermédio, como por um canal, até nós corresse, sem cessar, a
torrente de Graças Divinas.
Que lhe arrebentassem os aquedutos, foi a ordem dada por Holofernes para tomar
a cidade de Betúlia (It. 7,6). Assim também o demônio faz todos os esforços
para acabar com a devoção à MÃE de DEUS nas almas, pois cortado esse canal de
Graças, muito fácil se torna a ele a conquista. Consideremos, portanto com que
afeto e devoção o SENHOR quer que honremos esta nossa Rainha. Consideremos o quanto
deseja que a ELA recorramos, e em Sua proteção confiemos, pois em Suas Mãos
depositou a Plenitude de todos os bens, para nos tornar cientes de que toda a
esperança, toda a Graça, toda a Salvação a nós chegam pelas Mãos DELA.”
A mesma coisa declara Santo Antonino: “Todas as misericórdias
dispensadas aos homens tem vindo por meio de MARIA.” Pelo mesmo
motivo chama-LHE a Igreja:“Porta do Céus”.
“Como
todo o indulto do rei passa pela porta do seu palácio, observa São Bernardo,
assim também Graça nenhuma desce dos Céus sem passar pelas Mãos de MARIA.”
E acrescenta São Boaventura que “MARIA
é chamada Porta dos Céus, porque ninguém pode entrar Nele senão pela Porta que
é MARIA”.
Uma sentença de São Bernardo diz: “Cooperaram para nossa ruína um
homem e uma mulher. Convinha, pois, que outro homem e outra mulher cooperassem
para a nossa reparação. E estes foram JESUS e MARIA, Sua Mãe. Não há duvida,
JESUS CRISTO, só, foi suficientíssimo para remir-nos, mas conveniente era,
entretanto, que para a nossa reparação servissem ambos os sexos, assim como
haviam cooperado ambos para a nossa ruína.”
Pelo que Santo Alberto chamou MARIA “a Cooperadora da nossa Redenção”.
A própria Virgem revelou a santa Brígida que “assim como Adão e Eva
por um pomo venderam o mundo, assim também ELA e Seu FILHO com um Coração o
resgataram.”
Santo Anselmo iluminadamente observa:
“Do
nada pôde DEUS criar o Mundo, mas não quis repará-lo sem a cooperação de
MARIA.”
Embora a doutrina da Mediação Universal
seja antiga como a Igreja, contudo, somente nos últimos tempos, foi a mesma
doutrina concretizada em Festa Litúrgica com Missa e Ofício próprios. Foi
a pedido do Cardeal Mercier que o Papa Bento XV, em fevereiro de 1921, estatuiu
a nova festa, a celebrar-se anualmente no dia 31 de maio, em honra de NOSSA
SENHORA medianeira de Todas as Graças. Nessa ocasião a celebração
da nova festa foi concedida às dioceses da Bélgica e a todas as outras que a
pedissem.
Hoje todas as ordens religiosas a
celebram, e um grande número de dioceses do mundo inteiro. Desde 1940 o Brasil
inteiro possui o privilégio desta festa.
Pio XI, pouco depois de subir ao trono
pontifício, nomeou três comissões – espanhola, belga e romana – de abalizados
teólogos, encarregados de investigar os fundamentos dogmáticos da doutrina da
Mediação universal. Mas o que é importantíssimo e o que se deve
destacar no movimento em torno da Medianeira de Todas as Graças é que pela
série dos últimos pontífices, a começar de Pio IX, essa doutrina é claramente
inculcada, ensinada, recomendada categoricamente em documentos dirigidos a
Igreja Universal, com apelação a tradição cristã.
Da festa litúrgica da Medianeira de
Todas as Graças das comissões encarregadas do estudo da Mediação Universal e da
constante recomendação dos últimos pontífices, pode-se concluir que é o próprio ESPÍRITO SANTO que move a Igreja a
venerar, de um modo todo especial, a NOSSA SENHORA, sob a invocação de
Medianeira de Todas as Graças, e que se está aproximado a definição da Mediação
Universal.
É também digno de se considerar que, no
mesmo tempo em que o comunismo ateu iniciou seu nefasto domínio, resplandece no
Céu o sinal da Medianeira, como se DEUS quisesse mostrar que a cabeça da
infernal serpente do comunismo, será esmagada pela Virgem Medianeira. (Estes
proféticos escritos finais cumpriram-se após 27 anos, ou seja, em 1981, com a
queda do muro de Berlim, e com a participação direta do prediletíssimo filho de
NOSSA SENHORA, o saudoso e amado Papa João Paulo II.)
“Poema da VIRGEM”
(Escrito pelo venerável Pe. José de
Anchieta.)
2138 O Divino Pai, com o
FILHO,
Te confiou os tesouros todos, do
cofre dos Céus.
ELE, assim como derrama pelo universo
Os SEUS Bondosos Olhos,
Levando compassivo auxilio aos
afligidos,
Assim Te depositou no Seio o FILHO
Unigênito,
A fim de aliviar
Os que vergam ao duro peso do pecado.
Assim te confiou
O cuidado também do mundo inteiro,
Para distribuir pela miséria, a
Misericórdia.
Quando Te honrou com a Glória da
Maternidade,
Te impôs o grato dever de carinhosa
MÃE.
A todos consolas, boa MÃE, com Teu
manso Olhar
E ninguém suplica em vão os Teus
Poderes.
Se purulentas úlceras lhes serpeiam
pelos membros,
Se cicatrizam, à Tua Celestial
Presença.
Se dor cruel lhes atormenta o corpo,
Foge vencida, à luz do Teu Olhar.
Se o mar revolto por hórrida procela,
ameaça
tragar nas ondas a vida do marinheiro,
tu alisas o mármore das águas,
abrandando os ventos,
qual mansa brisa soprando em mar
tranquilo.
Se esquadrões inimigos atacam a
fortaleza,
Incutes o medo em suas fileira e os
derrotas.
Percorres as linhas de batalha,
assistes
aos combates renhidos,
E, invencível, esmagas o inimigo.
Visitas os celerados,
Presos em sombrios cárceres, e, com
doce esperança
Alivias aos mesquinhos os longos
dissabores.
Visitas esses corpos lúridos,
Acorrentados em grilhões atrozes,
A vergar ao peso de jugo ensanguentado,
Quebras as algemas aos descorados
membros
E despes a grilheta aos pés
entumecidos.
Aos que rogam o auxilio do Teu braço
Para o combate último da vida,
Tu os reanimas.
Afastas para longe dos moribundos
O inferno avaro,
Abrindo às almas suave estrada para
os Céus.
Teus um olhar também para as pobres
almas
mergulhadas no mar da obscenidade,
que começam a arrepender-se de seus
crimes;
tu as envolves no Maternal carinho,
e aplacando a DEUS,
tornas belos, corações horrendos.
Nem sequer abandonas os que, com seus
crimes
Incitam a Ira do ETERNO, e não temem
o castigo.
A Clemência de DEUS vencida por Teus
rogos,
fá-los-á cair em si, para abrasá-los
no fogo da gratidão.
Mas Teu Olhar de predileção é para
aqueles,
Cuja vida piedosa,
Sem mancha de culpa deleita ao PAI
Supremo;
Para os que se entregaram
Ao serviço perpétuo do SENHOR,
Sujeitando corpo e alma à SUA Lei.
Tua bondade enche-os de Delícias
Celeste,
Ornando-lhes os castos corações de
bons costumes.
2185 Tua piedade
estreita-os ao Seio Maternal
E dormem sem temor no Teu Regaço.
(Versos 2138-2186)
“Bendita seja a Bem-Aventurada sempre
Virgem MARIA!”
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