NOSSA SENHORA DAS VITÓRIAS
Histórico
Esse título de Nossa Senhora das Vitórias surgiu na
França e não deve ser confundido com o título Nossa Senhora da Vitória, surgido
em Portugal.
Muitas invocações de Nossa Senhora têm origem em favores
recebidos pela sua intercessão. Esse é o caso de um título de procedência
francesa: Nossa Senhora Das Vitórias. A história dessa devoção tem como marco a cidade
de La Rochelle, que possuía um importante porto e era um fortificado reduto do
protestantismo. O Rei Luis XIII empreendeu o cerco à cidade devido um rebelião
que tomava grandes dimensões. A revolta contava com o apoio da Inglaterra, pois
La Rochelle, além de ser uma cidade protestante, era ponto estratégico para a
entrada do exercito Inglês no território Francês. A tomada da cidade não
seria nada fácil para o Rei Luis XIII. Então ele pediu que sua esposa, Ana da
Áustria, mandasse promover em todas as igrejas de Paris orações públicas para
alcançar o sucesso naquela empreitada. O Rei conseguiu tomar a cidade e, em
agradecimento pelo sucesso, lançou em Paris a pedra fundamental de uma igreja
que foi denominada Nossa Senhora das Vitórias.
IGREJA NOSSA SENHORA DAS VITÓRIAS - PARIS / FRANÇA
A Rainha da França, Ana da Áustria, casada há mais de 23 anos, havia perdido a esperança de dar um herdeiro ao trono francês. O humilde Irmão Fiacre, com pena da rainha, e das consequências que essa situação poderia trazer à monarquia, encarregou-se de suplicar a intercessão de Nossa Senhora e do seu Divino Filho. Certa noite, Maria Santíssima apareceu para o Frade, prometendo-lhe atender às suas preces, com a condição de que as novenas fossem rezadas nos santuários por Ela designados. Após dez meses de orações, nascia a 5 de setembro de 1638, um menino, que seria mais tarde o Rei Luís XIV, o grande soberano, que emprestaria seu nome ao século XVII, conhecido como “Rei Sol”, um dos mais importantes monarcas da França.
Em agradecimento, publicou-se um Edito oficial
consagrando a França e a família real à Virgem Santíssima. Foi o famoso Voto de
Luís XIII, celebrado ainda hoje, nas paróquias francesas.
A igreja de Nossa Senhora das Vitórias, construída em
estilo clássico, está coberta de ex-votos e sua iluminação é feita por lâmpadas
votivas de milhares de velas, que atestam a veneração popular à Mãe Imaculada.
Em sua fachada, foi gravada, em letras de ouro, uma legenda de gratidão, por
“tantas vitórias que lhe vieram do Céu, especialmente d’Aquela que arrasou a heresia”.
Tempos depois, o convento dos eremitas de Santo
Agostinho, situado próximo desse templo, recebeu um humilde
camponês, conhecido pelo nome de Irmão Fiacre, encarregado dos mais rudes
serviços do mosteiro, porém, grande devoto de Nossa Senhora.
A Igreja Nossa Senhora das Vitórias passou por todas as vicissitudes e revoluções da história da França.
A Igreja Nossa Senhora das Vitórias passou por todas as vicissitudes e revoluções da história da França.
Porém, a partir do século XIX, converteu-se em um centro
de fervor e de religiosidade indescritíveis. Como sucedeu isso?
Confraria do Imaculado Coração de Maria,
fonte de fervor
Em 1836 foi nomeado pároco de Nossa Senhora das Vitórias
o Padre Desgenettes, homem muito virtuoso e zeloso pela salvação das almas.
Esse bom sacerdote se afligia enormemente pela ausência
de fiéis. A igreja permanecia continuamente vazia, e à principal missa de
domingo assistiam apenas três ou quatro dezenas de senhoras. O Padre
Desgenettes pensava, rezava, mas não sabia o que fazer para afervorar os
habitantes do bairro.
Um dia, enquanto celebrava solitário a Eucaristia,
escutou claramente uma voz que lhe dizia: “Consagra tua igreja e a paróquia ao
Santíssimo e Imaculado Coração de Maria”. Olhou para todos os lados e não viu
ninguém. Terminada a missa, fazendo a ação de graças no coro, novamente escutou
a mesma voz, que lhe repetia: “Consagra tua igreja e a paróquia ao Santíssimo e
Imaculado Coração de Maria”.
Admirado e tomado de emoção, convenceu-se de que era um
aviso do Céu, e agradeceu à Santíssima Virgem. Retirou-se a seu escritório,
redigiu os estatutos da Confraria do Imaculado Coração de Maria e pensou: “Vou
agora mesmo ao arcebispado. Se o arcebispo me atender e aprovar estes
estatutos, isto significará que se trata verdadeiramente de algo do Céu.” E
partiu sem demora.
Um fervor novo e prodigioso
Cheio de alegria e reconhecimento, o Padre Desgenettes
iniciou a reunião e leu os estatutos da Confraria. Ao final, todos cantaram a
ladainha da Santíssima Virgem. Então deu-se outro fato que, se não for
milagroso, ao menos foi um prodígio. Ao chegar na invocação “Refúgio dos
pecadores”, todos se ajoelharam e a repetiram três vezes, sem que ninguém
tivesse programado ou dirigido algo. Foi uma ação “espontânea”... do Espírito
Santo!
O pároco deu a Nossa Senhora das Vitórias outros três
títulos: Coração Imaculado de Maria, Mãe do Bom Conselho e Refúgio dos
pecadores.
A partir daquele momento, Notre Dame des Victoires
transformou-se num braseiro de fervor que incendiou toda Paris, a França e o
mundo inteiro.
Prova disso são as 35 mil placas que cobrem suas paredes.
Quem se dá o trabalho de lê-las, corre o risco de emocionar-se. Ingleses,
alemães, americanos, mexicanos, poloneses agradecem: um por ter saído vivo de
um naufrágio, outro de uma guerra; outro por ter recuperado a fé; uma filha
pede a conversão de seu pai e a obtém; uma mãe, a saúde de seu filho. É uma
infinidade de graças, misérias e misericórdias. Uma curiosa inscrição assim
diz: “O pobre estudante recorreu a Nossa Senhora das Vitórias em 1889. O jovem
médico lhe agradece em 1896”.
Ao mesmo tempo, choviam cartas ao Padre Desgenettes, de
pessoas pedindo para serem registradas na Confraria. Uma delas chegou de uma
aldeiazinha quase desconhecida, perto de Lyon, assinada por João Maria
Vianney... o Santo Cura D’Ars.
Visitantes ilustres
Este fervor fez com que muita gente de fora de Paris, ao
passar pela capital, visitasse a Basílica. Entre os peregrinos encontramos São
João Bosco, que celebrou Missa no altar de Nossa Senhora. A angélica Santa
Teresinha do Menino Jesus ali se prostrou a fim de pedir graças para sua viagem
a Roma, e recebeu a certeza de que fora a própria Virgem Santíssima quem a
curara, na infância, de uma estranha enfermidade. Ela relata esta visita em uma
das mais belas páginas de sua célebre autobiografia, “História de uma alma”.
Certo dia, ajoelha-se ante Nossa Senhora das Vitórias uma
dama de aspecto nobre e distinto, acompanhada de um sacerdote. Rezam
longamente, longamente... Quem são? Isabel II, Rainha da Espanha, e Santo
Antônio Maria Claret, Arcebispo, confessor da Rainha e fundador da grande
Congregação do Coração de Maria.
A Rainha, como sinal de sua gratidão e amor a Nossa
Senhora das Vitórias, deixa uma lembrança: duas pequenas mesas de bronze,
especiais para colocar velas, tendo na base o escudo da
Espanha, em belo esmalte. Essas mesas ali estão até hoje.
Uma provação para Dom Chautard
Um fato digno de nota se passou com Dom João Batista
Chautard, monge trapista francês, célebre mestre da vida espiritual.
Muito antes de ser eleito abade da Trapa de Sept fons,
ele recebeu de seus superiores a ordem de providenciar o sustento de vários
mosteiros de sua ordem, que se encontravam em extrema necessidade econômica.
O piedoso religioso foi a Paris visitar pessoas abastadas
e solicitar-lhes ajuda. Os resultados não foram satisfatórios.
Tomando conhecimento das graças que Nossa Senhora
derramava na Igreja das Vitórias, correu a seus pés. Contudo, teve uma
perplexidade: quando chegou ante a imagem, foi tomado de uma terrível aridez,
desengano e falta de ânimo para esperar qualquer coisa. Manteve-se longo tempo
rezando, mas sem sentir nada. Um tanto desanimado, levantou-se e dirigiu-se à
porta, pensando que Nossa Senhora talvez não havia escutado sua oração. Ao
chegar ao átrio, uma elegante senhora o abordou e perguntou:
— Dom Chautard?
— Para servir-lhe, senhora.
— Pois, olhe, trouxe este envelope para o senhor.
Era exatamente o que Dom Chautard necessitava para seus
mosteiros. Entrou novamente na igreja — desta vez bem mais consolado... — para
agradecer a Nossa Senhora.
Há muitas outras maravilhas que Maria realizou nesse
santuário. Se fores a Paris, não deixes de visitar a Basílica de Nossa Senhora
das Vitórias, embora os guias turísticos não lhe dêem o devido valor.
ORAÇÃO A NOSSA SENHORA DAS VITÓRIAS
Coroação de Nossa Senhora das Vitórias
PARTE 1
PARTE 2
PARTE 3
ELABORADO COM COLABORAÇÃO DOS SITES:
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paroquiadasvitorias e nossasenhoradasvitórias
Blog: Marias egundo Joaos Cladias
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Revista Cavaleiro da Imaculada – n°386 – junho de 2012
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