NOSSA SENHORA DA GUARDA
Era o dia 29 de agosto de 1487. E Benedetto Pareto foi,
como de costume, trabalhar desde cedo no monte Figogna, perto da cidade
italiana de Gênova. Este era um dos montes chamados de guarda, porque
naqueles remotos tempos a praga da pirataria muçulmana era considerável; e para
as pessoas terem tempo de fugir, e as defesas serem preparadas, vigias faziam a
guarda no alto de pontos estratégicos.
Benedetto era pastor e costumava levar suas ovelhas para
pastarem nessas paragens. Sua esposa levava-lhe o almoço por volta das 10 h da
manhã, e esta era normalmente a única interrupção na sua rotina. Mas nesse dia
ele viu aproximar-se uma bela senhora, que se apresentou como a Mãe de Jesus.
Primeiramente foi necessário que Ela o tranquilizasse, pois ele se
impressionara muito ao vê-la. Em seguida a senhora pediu-lhe que construísse
uma capela nesse local, bem no alto do monte. Benedetto estranhou, pois os pastores
eram uma classe pobre, e ele não era exceção. Por isso objetou:
— Mas eu sou muito pobre, e para construir neste monte
alto e deserto será preciso tanto dinheiro, que duvido que o consiga.
A rigor, sua observação seria válida se ele devesse
contar só com suas próprias forças. Mas Nossa Senhora lhe respondeu:
— Não tenhas medo. Serás muito ajudado.
Tocado pela graça, Benedetto correu à sua casa para
contar à família o que acabava de lhe acontecer. Mas as reações da família não
foram as que ele talvez esperasse. Especialmente cética e sarcástica, sua
esposa lhe diz:
— Até hoje todos te consideravam uma pessoa simples, mas
de hoje em diante vão te considerar um tosco ou completamente louco.
E ela se empenhou tanto em que ele nada fizesse ou
dissesse, que afinal ele decidiu seguir esse mau conselho.
No dia seguinte, ao voltar novamente ao trabalho, decidiu
recolher alguns figos. Quando subiu na árvore, o ramo no qual se apoiava
quebrou-se, e ele caiu por terra. As feridas eram sérias, e poderiam até mesmo
provocar-lhe a morte. Levado para casa, ficou alguns dias de cama. Nessa
situação, Nossa Senhora apareceu-lhe novamente. Com bondade materna,
repreendeu-o suavemente por sua atitude. Pediu-lhe novamente que construísse
uma capela, e curou suas feridas.
Agora Benedetto não teve mais dúvidas. Não perguntou a
ninguém, nem quis saber o que os outros pensavam. Imediatamente percorreu as
localidades vizinhas, contando o acontecido e pedindo ajuda para construir a
capela. E de fato, o que Nossa Senhora lhe dissera aconteceu. Ele foi muito
ajudado, e em pouco tempo terminou de construir a capela no alto do monte
Figogna. Essa capela original era pequena, de forma retangular e com teto de
madeira, e hoje se encontra incluída numa edificação posterior, que a envolve
totalmente.
A notícia da aparição percorreu a região, e as pessoas
começaram a fazer peregrinações ao local. Dezenas de anos depois, já em 1530,
foi decidida a construção de um santuário para acolher os peregrinos, cada vez
mais numerosos. A nobre família Ghersi contribuiu largamente para que o
santuário fosse edificado. O prédio que hoje embeleza o local data do final do
século XIX, quando além das edificações religiosas foi também erguido um
alojamento para peregrinos. O Papa Bento XV, que era natural da cidade de
Gênova, concedeu em 1915 à igreja a condição de basílica. Fez também construir
nos jardins do Vaticano uma capelinha dedicada a Nossa Senhora da Guarda. Mais
recentemente, o Papa Bento XVI visitou aquela basílica.
Preocupar-se com Deus e não com os homens
Chama a atenção nesse episódio a capacidade que algumas
pessoas têm para influenciar outras, tanto para o bem quanto para o mal.
Benedetto a teve para o bem, quando facilmente convenceu outros a que o
ajudassem a construir a capela pedida por Nossa Senhora. Para o mal, a teve sua
família, querendo impedi-lo de atender o pedido da Virgem Santíssima.
Deus quis que vivêssemos em sociedade, por isso as
opiniões dos outros têm importância para nós, e normalmente devemos nos
preocupar em manter uma boa reputação diante das outras pessoas. Mas a
importância da opinião alheia não pode ser desmedida nem contrariar os
desígnios de Deus. Muitíssimo mais importam a obediência que devemos a Deus e a
opinião que Deus tem de nós.
Quando há uma clara manifestação de um desejo divino,
devemos renunciar à preocupação com o que dizem os outros. Benedetto, mesmo
tendo visto a Santíssima Virgem, e estando totalmente seguro do pedido d’Ela,
deixou-se influenciar pelo que poderiam vir a dizer ou pensar os outros. Isto é
claramente uma subversão da hierarquia das coisas, pois mesmo todos os homens
juntos não valem nem de longe o que vale Nossa Senhora. Além do mais, ele se
deixou influenciar por uma conjectura ou possibilidade, não por uma certeza.
Nossa Senhora tinha afirmado a ele que seria muito ajudado, mas ele preferiu
crer em quem sugeriu que ele seria ridicularizado.
O amor de Deus acima de tudo e de todos
Por outro lado, é interessante notar a forma de atuar de
Nossa Senhora. Benedetto recebeu um castigo, mas logo em seguida este foi
atenuado por nova aparição e por uma cura miraculosa e maternal, dado que a
rejeição do pedido não fora iniciativa dele, mas resultante da má influência
recebida.
É bem essa a forma de atuar da Santíssima Virgem que,
como mãe amorosa, nos lembra sempre nossos deveres para com Deus. Pois aqui se
tratava de amar a Deus acima de tudo — neste caso concreto, acima da boa ou má
fama que eventualmente o pastor poderia auferir. Certas pessoas pensam que o
pecado contra o Primeiro Mandamento é algo um tanto teórico, e que basta ter um
ou outro impulso do coração, um sentimentozinho de vez em quando, para cumprir
esse mandamento. Não é bem assim, pois o amor a Deus acima de tudo significa
especialmente amá-lo mais do que aos nossos interesses e nossas vantagens.
Peçamos então a Nossa Senhora da Guarda que nos ensine a
cumprir bem este mandamento, o mais importante e fundamental de todos; pois, se
o cumprirmos diligentemente, produziremos frutos extraordinários. Como
Benedetto, cuja decisão de atender ao pedido de Nossa Senhora levou-o a
conseguir rapidamente o apoio e os materiais de que precisava.
NOSSA SENHORA DA
GUARDA (Pe. Jonas Abib)
Olha
que a noite não tarda
Nossa Senhora da Guarda
Vem com seus braços maternos
Vem logo me proteger
Abre teus olhos tão ternos
E estende oh! Mãe o teu manto
Para afastar todo espanto
Que as vezes me faz tremer
Nossa Senhora da Guarda
Vem com seus braços maternos
Vem logo me proteger
Abre teus olhos tão ternos
E estende oh! Mãe o teu manto
Para afastar todo espanto
Que as vezes me faz tremer
Seja
na estrada direita
Ou por gargantas estreitas
Tens proteção mais perfeita
Para teus filhos guardar
Ou por gargantas estreitas
Tens proteção mais perfeita
Para teus filhos guardar
Guarda
esta casa dos ventos
Vindos do mar violento
Teus viajantes sedentos
Possam aqui descansar
Vindos do mar violento
Teus viajantes sedentos
Possam aqui descansar
Referência bibliográfica:
http://aveluz.ning.com/
http://letras.mus.br/padre-jonas-abib/
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