NOSSA SENHORA DO PILAR
Comemoração Litúrgica: 12 de outubro
De
acordo com uma antiquíssima tradição, venerada e viva ao longo dos séculos, a
Virgem Maria quando ainda morava neste mundo, isto é, antes de subir em corpo e
alma aos céus, veio a Zaragoza para confortar e alentar ao Apóstolo São Tiago
que no momento, encontrava-se às margens do rio Ebro, pregando o Evangelho. Este
fato situa-se na noite do dia 2 de janeiro do ano 40 da era cristã.
S.
Tiago o Maior, Apóstolo da Espanha
São Tiago o Maior, Apóstolo e Mártir
(+ séc. I)
Segundo
a Anna Catharina Emmerich: Partindo de Jerusalém, Tiago o Maior dirigiu-se,
pelas ilhas gregas e pela Sicília, à Espanha, onde desembarcou em Gades. Como
ali não fosse bem recebido, mudou-se para outra cidade. Mas também não foi
tratado melhor, prenderam-no e teria sido morto, se um Anjo não o tivesse
livrado milagrosamente. Deixou na Espanha cerca de sete discípulos e,
acompanhado de dois outros, voltou por Massília, no sul da França, a Roma. Depois
voltou à Espanha, dirigindo-se de Guedes, por Toledo, a Zaragoza.
“Ali, diz Catharina Emmerich, se converteu
muita gente, ruas inteiras creram no Senhor, com exceção apenas dos que ainda
aderiam ao paganismo. Vi Tiago correr também muitos perigos. Soltavam
contra ele víboras, as quais tomava tranquilamente nas mãos e não lhe faziam
mal, mas viravam-se contra os idólatras que o cercavam, e estes, vendo o
milagre, começavam a temê-lo.
Vi
também que em Granada, onde apenas começara a pregar, foi preso com todos os
discípulos e cristãos. Tiago invocou no coração o socorro e a proteção da Santíssima
Virgem, que nesse tempo ainda vivia em Jerusalém e Maria salvou-o, com
todos os seus discípulos, por intermédio de Anjos. A Virgem Santíssima
mandou-lhe por um Anjo a ordem de ir à Galícia, pregar ali a fé e depois
voltar.
Vi
Tiago, após a volta, em grandes tribulações, por causa de uma iminente
perseguição e provação da comunidade cristã de Zaragoza. Rezava numa noite
à beira do rio, fora dos muros da cidade, junto com alguns discípulos, pedindo
a Deus conselho, se devia ficar ou fugir. Lembrou-se também da Santíssima
Virgem e suplicou-Lhe que o ajudasse a pedir luzes e auxílio do Filho, que
certamente não lhe negaria.
O Pilar de Luz
Então
vi subitamente aparecer por cima do Apóstolo um esplendor no céu e Anjos que
entoavam um magnífico canto e transportavam uma coluna resplandecente, que
da base projetava um raio fino de luz sobre um lugar, alguns passos distante de
Tiago, como para indicar esse ponto. A coluna tinha um brilho vermelho, era
atravessada por muitas veias, muito alta e delgada, terminando em cima como
um lírio, que se abre em línguas de luz, das quais uma raiava longe, em direção
à Compostela, a oeste, as outras, porém, para as regiões próximas. (Formando
assim um pilar).
Nessa
flor de luz, vi a figura da Santíssima Virgem em pé, como sempre
ficava em vida na terra, durante a oração, toda branca e transparente, com um
brilho mais belo e suave que o da seda branca. Estava de mãos postas, uma parte
do longo véu cobria-lhe a cabeça, a outra parte, porém, envolvia-a até os pés,
de modo que com os pés delicados e pequenos estava sobre as cinco pétalas da
flor da luz. Era um quadro indizivelmente doce e belo.
Vi
que Tiago, orando de joelhos, levantou os olhos e recebeu interiormente de
Maria a ordem de, sem demora, construir nesse lugar um templo, em que a
intercessão de Maria se firmasse como uma coluna.
Ao
mesmo tempo lhe anunciou a Virgem Santíssima que, depois de acabar a construção
da Igreja, devia ir a Jerusalém, Tiago levantou-se, chamou os discípulos, que
já tinham visto a luz e correram para junto dele e comunicou-lhes a aparição
milagrosa e todos seguiam com os olhos o esplendor que ia desaparecendo.
Tendo
executado em Zaragoza a ordem de Maria, Tiago constituiu uma comissão de doze
discípulos, entre os quais também homens doutos, que deviam continuar a obra,
que começara com tantas dificuldades e tribulações.
Em
seguida partiu da Espanha para Jerusalém, como lhe ordenara a Virgem.
Nessa
viagem visitou em Éfeso Maria, que lhe predisse a morte próxima, em Jerusalém,
consolando e confortando-o. Tiago despediu-se de Maria e do irmão e continuou a
viagem para Jerusalém, onde foi decapitado.
O
corpo do Apóstolo São Tiago.
O
corpo do Apóstolo esteve algum tempo num sepulcro perto de Jerusalém. Quando,
porém, se levantou uma nova perseguição, levaram-no alguns discípulos, entre os
quais José de Arimatéia e Saturnino, para a Espanha. Mas a perversa rainha
Lupa, que já antes perseguira S. Tiago, não quis permitir que o sepultassem
ali.
“Os
discípulos tinham posto o santo corpo sobre uma pedra, que sob ele formou então
uma cavidade, como um sepulcro. Sucedeu também que outros cadáveres, sepultados
ao lado, foram lançados fora da terra. Lupa acusou os discípulos perante o rei,
que os mandou prender; mas escaparam milagrosamente e o rei que os perseguia
com cavalaria, passou sobre uma ponte, que desabou, morrendo ele com todos os
companheiros. Lupa assustou-se tanto com esse fato, que mandou dizer aos
discípulos que prendessem e atrelassem touros bravos num carro; onde estes
levassem o corpo, ali poderiam construir uma Igreja. Esperava que os touros
bravos destruíssem tudo. Um dragão opôs-se na região deserta aos discípulos, mas
morreu fulminado, quando fizeram o sinal da cruz; os touros bravos, porém,
tornaram-se mansos, deixaram-se atrelar ao carro e levaram o santo corpo ao
castelo de Lupa. Ali então foi sepultado e o castelo transformado em Igreja,
pois lupa converteu-se, confessando a fé cristã, com todo o povo”.
No
sepulcro do santo Apóstolo aconteceram muitos milagres. Mais tarde lhe foram
transferidos os ossos para Compostela, que se tornou um dos mais afamados
lugares de peregrinação. S. Tiago pregou cerca de quatro anos na Espanha.
A
construção do Templo
Segundo
uma antiga tradição, desde os primórdios de sua conversão, os cristãos
primitivos ergueram uma capelinha em honra da Virgem Maria, às margens do
rio Ebro, na cidade de Zaragoza, Espanha.
A
capelinha primitiva foi sendo reconstruída e ampliada com o correr dos séculos, até
se transformar na grandiosa basílica que acolhe, como centro vivo e
permanente de peregrinações a numerosos fiéis que, de todas as partes do mundo,
vêm rezar à Virgem e venerar seu Pilar.
Muito
para além dos milagres espetaculares, a Virgem do Pilar é invocada como
refúgio dos pecadores, consoladora dos aflitos, Mãe da Espanha.
Sua
ação é sobretudo espiritual.
A
devoção ao Pilar tem uma enorme penetração na Ibero-américa, cujos países
celebram o dia do descobrimento de seu continente a 12 de outubro, isto é,
no dia do Pilar.
A
Basílica fica aberta o dia inteiro, mas nunca faltam os fiéis que chegam ao
Pilar em busca de reconciliação, graça e diálogo com Deus.
É
popular na Espanha, especialmente na região de Aragon, a jaculatória:
"Bendita
seja a hora em que a Virgem veio em carne mortal a Zaragoza".
O
Papa João Paulo II
O
Papa João Paulo II, por duas vezes escolheu este santuário como primeiro passo
de suas viagens à América Latina: em 1979, para assistir à Conferência de
Puebla e em 1984 para inaugurar as comemorações do V Centenário do
descobrimento e o início da evangelização na América.
O
Papa dizia nessa basílica, citando Puebla: "Ela (Maria) tem que ser
cada vez mais a pedagoga do Evangelho na América Latina" (Puebla,
290). "Sim, continua dizendo o Papa, a pedagoga, a que nos
conduz pela mão, que nos ensina a cumprir o mandato missionário de seu Filho e
a guardar tudo o que Ele nos ensinou. O amor à Virgem Maria, Mãe e Modelo
da Igreja, é garantia da autenticidade e da eficácia redentora de nossa fé
cristã".
Consagração
a Nossa Senhora do Pilar
Virgem
Imaculada! Minha Mãe! Maria!
Eu vos renovo, hoje e para sempre
a consagração de todo o meu ser para que disponhais de mim
para o bem de todas as pessoas.
Somente
vos peço, minha rainha e mãe da igreja,
força para cooperar fielmente
na vossa missão de trazer
o reino de Jesus ao mundo.
Ofereço-vos,
portanto,
Coração Imaculado de Maria, as orações e os sacrifícios
deste dia, para que fiel à minha consagração,
seja igualmente disponível a colaborar convosco
na construção de um mundo novo,
ó
Maria concebida sem pecado!
rogai por nós que recorremos a vós
e por todos quantos recorrem
a vós, de modo particular as famílias de nossa comunidade paroquial, que vos
venera com o título de Senhora do Pilar.
Salve
Rainha...
Milagre de Calandra “A perna reimplantada”
Pode, porventura, uma perna amputada e enterrada por 2
anos e meio, em pleno contato com a terra, ser reimplantada ao corpo?
Sim, pelo nosso Deus do Impossível.
O relato:
Vittorio Messori é um conhecidíssimo escritor italiano,
jornalista e historiador famoso que publicou em 1998 um estudo sobre um fato
acontecido em Calanda em 1640. Calanda é um vilarejo de Zaragoza, na Espanha,
sem nenhuma significação social.
Jean Martini Charcot, famoso líder do positivismo
religioso do século XIX, certa vez comentou: “Ao consultar o catálogo de curas
chamadas milagrosas, nunca se tem podido comprovar que a fé tenha feito
reaparecer um membro amputado”.
Pois bem, foi isso exatamente o que aconteceu em Calanda:
uma perna amputada foi reimplantada miraculosamente depois de mais de dois anos
de enterrada. Este acontecimento extraordinário, sobrenatural, foi estudado
exaustivamente, com todo o rigor científico, por Messori no seu livro “O grande
milagre”.
Entre as dez e onze da noite do dia 29 de março de 1640,
enquanto Miguel Juan Pellicer (camponês de 23 anos), dormia em sua casa foi-lhe
“reimplantada” – repentina e definitivamente – a sua perna direita. A perna,
feita em pedaços pela roda de um carro e posteriormente gangrenada, foi-lhe
amputada no fim de outubro de 1637 (2 anos e 5 meses antes da impressionante
“restituição”), no hospital público de Zaragoza.
Cirurgiões e enfermeiros realizaram sucessivamente a
cauterização do toco da perna com um ferro em brasa. O processo e a
investigação foram abertos 68 dias depois e se prolongaram por muitos meses,
sendo presidido pelo Arcebispo de Zaragoza, assistido por nove juízes, com
dezenas de testemunhos e um rigoroso respeito às normas prescritas pelo Direito
Canônico.
A sentença do processo declarou que a perna reimplantada
de maneira tão repentina era a mesma que fora cortada e em seguida enterrada.
Este fato foi certificado apenas 3 dias depois de que ocorrera e no mesmo lugar
do acontecimento, por um notário (de outra cidade e, portanto, sem relação com
o caso), por meio do habitual instrumento legal, garantido igualmente pelo
juramento de muitas testemunhas oculares.
A partir do testemunho do protagonista e de outros
testemunhos, se chegou à conclusão de que o milagre foi devido à intercessão de
N. Senhora do Pilar, a quem o jovem sempre fora particularmente devoto, à qual
se havia encomendado antes e depois da amputação de sua perna, e em cujo santuário
de Zaragoza tinha pedido e obtido autorização para pedir esmola.
Quando pode enfim sair do hospital com uma perna de
madeira e duas muletas, untava diariamente o seu toco de perna com o azeite das
lâmpadas acesas na Santa Capela do Pilar.
Isto é precisamente o que sonhou que estava fazendo, em
Calanda, na noite em que adormeceu com uma única perna e foi despertado por
seus pais poucos minutos depois, possuindo outra vez as duas pernas.
Sobre a verdade do fato nunca se levantou voz alguma de
dúvida, nem na ocasião nem depois, nem no povoado nem em nenhum outro lugar.
Após a conclusão positiva do processo, o próprio rei da Espanha, Felipe IV,
ordenou que chamassem ao seu palácio de Madrid o jovem do milagre,
ajoelhando-se em sua presença para beijar-lhe a perna milagrosamente
“restituída”.
A forma como aconteceu o acidente, em julho de 1637, está
assentado no livro de registros do Hospital Real de Valência, no dia 3 de
agosto do mesmo ano, detalhando como ia vestido, e autenticado com a assinatura
do encarregado do registro (Pedro Torrosellas). A constatação do processo
avançado de gangrena no Real Hospital de Nuesta Senora de Gracia, em Zaragoza,
consignado na consulta médica presidida pelo professor Juan de Estanga, diretor
daquele departamento da universidade de Zaragoza; a amputação da perna direita
feita pelos cirurgiões Estanga e Millarnelo; a maneira como foi depositada a
perna pelo praticante Juan Lorenzo Carcia na capela do hospital e mostrada ao
capelão e administrador do mesmo hospital, Pascual do Cacho; etc, etc…
O médico lhe advertia que, além da possível infecção, o
óleo mantinha uma umidade que retardava a completa cicatrização da ferida.
Durante toda sua estadia em Zaragoza, Miguel Juan Pellicer passava o dia
pedindo esmola na porta da Basílica do Pilar. À noite ia dormir no “Mesón de
las Tablas” quando tinha dinheiro para pagar ao proprietário; se não, dormia
num banco do hospital. Em marco de 1640, Miguel Juan Pellicer, esgotado pela
vida miserável que levava, decidiu voltar a Calanda apesar do seu desejo de
ficar junto à Basílica de “La Virgen del Pilar.”
Todos em Calanda e nas vilas limítrofes por onde Miguel
Juan Pellicer, montado num jumento, ia pedindo esmola, conheciam o jovem sem a
perna direita. Dois anos e quase cinco meses após a amputação da perna direita.
Precisamente no dia do 16º centenário da visão que teve de Nossa
Senhora, ainda viva, o Apóstolo Santiago e do aparecimento do Pilar na quinta
feira 29 de marco de 1640. Ao redor das dez horas da noite, Miguel Juan
Pellicer abandonou a conversa e , foi deitar, pois se encontrava especialmente
cansado.
Pouco depois, Dona Maria Blasco, a mãe, foi ver se o
filho mutilado estava bem coberto.
Deu um grito de estupor acudiu o pai. Por baixo das
cobertas apareciam dois pés! Após os primeiros instantes de surpresa, levantou
as cobertas: aí estava de novo, inteira e sadia, a perna direita, da qual até
momentos antes lhe faltava a metade. Miguel Juan só sabia explicar que se havia
encomendado, como todas as noites, à Virgem do Pilar, e que sonhara que estava
na Basílica untando a ferida uma vez mais com o óleo das lâmpadas. Nessa mesma
noite acudiram a ver o incrível milagre o soldado Bartolomé Ximeno, e os
vizinhos Miguel Barraxina e esposa Úrsula Means.
Os três minutos antes, estiveram conversando com o coxo e
vendo como tirara a perna de madeira e os panos antes de retirar-se a dormir.
Naquela mesma noite foi chamado e veio o pároco Pe. José Herrera. No dia
seguinte de manhã a Igreja estava cheia de pessoas que viram e agradeceram a
Deus a recuperação da perna direita de quem todos conheciam privado dela até a
véspera. Reconhecimentos posteriores mostraram que a perna direita,
milagrosamente recuperada, conservou sempre cicatrizes perfeitamente fechadas
das feridas que tivera antes de ser amputada, principalmente a da grande ferida
provocada pela carreta e que ocasionara a gangrena. Havia também a cicatriz,
perfeitamente fechada como todas as outras, onde se havia feito a amputação.
Tratava-se da mesma perna que havia sido amputada!
A mesma perna que havia sido enterrada quase três anos
antes! Ficara “a marca”!, a conhecida condescendência divina para uma
insuperável observação científica. Quando a notícia do milagre chegou a
Zaragoza, mandou-se verificar no Cemitério do Hospital Real.
Sob a direção do Dr. Juan Lorenzo García comprovou-se que
a perna, ou os ossos que deveriam ficar dela, havia desaparecido, sem que
ninguém antes tivesse mexido na terra! A recuperação de Miguel Juan Pellicer,
como em todo milagre, foi instantânea… e também “por etapas” (a delicada e
conhecida condescendência de Deus para melhor observação e
acompanhamento científicos, e talvez também purificação, exercício da fé…) :
A perna direita, durante os três primeiros dias após a
recuperação instantânea, estava fria. Sua cor era apagada, algo roxa. E os
dedos do pé estavam permanentemente curvados, os nervos contraídos, de forma
que durante estes três dias Miguel Juan Pellicer, perante todas as autoridades
e numeroso povo que o visitava, não podia apoiar a perna firmemente no chão,
nem podia prescindir da muleta que usava.
Passados esses três dias, as mesmas autoridades e o povo
puderam constatar que Miguel Juan Pellicer agora caminhava perfeitamente, o pé
ficara normal. Mas faltava ainda outra etapa? Ou era outra marca?: A largura ou
espessura da perna direita, a recuperada, era claramente menor que a grossura
da perna esquerda. Miguel Juan Pellicer, a 25 de abril, viajou com seus pais a
Zaragoza para agradecer à Virgem do Pilar.
Durante o trajeto, um cirurgião lancetou o talão nas suas
pesquisas, fato que obrigou Miguel Juan Pellicer a mancar um pouco novamente.
Mas logo passou. Miguel Juan quis permanecer em Zaragoza por algum tempo. Ia
com freqüência à Basílica do Pilar, onde confessava e comungava cada sete dias,
e comprazia-se em continuar ungindo sua perna direita, mais débil, com o óleo
das lâmpadas. “Pouco a pouco a perna direita ficou igual à esquerda (…). Quando
voltou a Calanda, os vizinhos maravilharam-se de vê-lo caminhar e correr
alegremente. Como deram testemunho (…). Notaram também que o jovem podia realizar
movimentos de esticamento até levantar o pé à altura da cabeça. Assim
completara-se o milagre até a perfeição total”(48).
A Prefeitura de Zaragoza, a 8 de maio de 1640, reuniu-se
em conselho extraordinário e plenário, e nomeou três procuradores para pesquisar
o caso, além de solicitar do Sr Arcebispo que instaurasse um acurado processo
canônico, a expensas da Prefeitura Conservam-se todas as atas de ambos os
inquéritos.
O inquérito da Prefeitura começou só dois meses depois do
milagre. 0 canônico, só após três meses. Bem contemporâneos dos fatos.
Inquéritos detalhadíssimos. Muitas comprovações. Depoimentos de multidão de
pessoas que conheceram e conviveram com Miguel Juan Pellicer, antes e depois do
acidente, antes e depois da amputação. Vi um grande tapete que há no Palácio
Real de Madri, representa o Rei Felipe IV beijando a perna regenerada de Miguel
Juan Pellicer. Lord Hopton, embaixador da Inglaterra na Espanha, certificou
independentemente que esteve presente quando El-Rei se ajoelhou, descobriu a
perna recuperada e beijou a cicatriz da amputação.
Foram realizadas recentemente novas pesquisas históricas
a respeito, com levantamento abundante e irrefutável de documentos. 0 milagre
com “0 coxo de Calanda” foi em 1640.
Somente em 1959 se realizou com sucesso a primeira
operação de recolocar uma perna cortada. Os cirurgiões do Hospital Mont-Eden,
de Hayward (Califórnia – USA), conseguiram recolocar uma perna, mas
imediatamente ao acidente (não três anos depois), sadia (não gangrenada) e que ficara
ainda unida ao corpo por consideráveis partes de carne (não uma perna
enterrada!). E o maravilhoso êxito da cirurgia humana precisou meses de
cuidados médicos antes de o paciente ser dado de alta.
Miguel Juan e seus pais examinaram a perna amputada
descobrindo imediatamente sinais inconfundíveis que permaneciam nela. “O mais
notório e principal, a cicatriz originada pela roda do carro que lhe fraturara
a tíbia; outra cicatriz, menor, ocasionada pela extirpação, na adolescência, de
um abcesso; e, por último, dois profundos sinais de cortes provocados por um
arbusto de espinhos, e as marcas da mordida de um cachorro”.
Quando amanheceu o 30 de março, e se difundiu a notícia
por todo o povoado, Pe. Jusepe se aproximou da casa dos Pellicer com muita
gente. Entre estas o primeiro magistrado, o juiz que era ao mesmo tempo o
responsável da ordem pública, Martín Corellano. Acorreram também o jurado
maior, o prefeito Miguel Escobedo, o “jurado segundo”, Martín Galindo, e o
notário real Lázaro Macario Gomez. Encontravam-se também os dois cirurgiões
locais, que certificaram o fato de maneira profissional. Ambos declarariam ter
que render-se à evidência, que havia deixado por terra sua instintiva
incredulidade. O notário lavrou uma ata notarial constatando o fato ocorrido.
Tratava-se de uma expedição inesperada à que devemos um
documento extraordinário, para não dizer único, como único é o caso que aparece
neste documento legal. Estamos ante uma intervenção divina testemunhada por uma
ata notarial, diante de um milagre com a garantia de um documento ajustado à
normativa vigente e corroborado por dez testemunhas oculares, escolhidos entre
os de maior confiança e melhor informados dos muitíssimos disponíveis. E como
se não bastasse, a ata notarial foi escrita e autenticada, passadas algo mais
de 70 horas depois do sucedido e no próprio lugar onde ocorrera.
Observou o historiador Leandro Aína Naval: “trata-se de
um Ato Público (ata notarial, diríamos hoje) documento de máxima autoridade em
todo tempo, que se aproxima ao ideal exigido por alguns racionalistas para a
comprovação dos milagres na sua vertente histórica”.
Mais tarde em outubro de 1641, Felipe IV, rei de Espanha,
no meio da corte espanhola, rodeado de todo o corpo diplomático interrogou
publicamente a Miguel e aos relatores do processo. Verificou ele próprio a
reimplantação miraculosa da perna, e, diante do assombro de todos, ajoelhou-se
e beijou a perna, fazendo com isso um verdadeiro ato de fé.
A homenagem de Felipe IV naquela manhã de outubro foi
como o selo definitivo que a autoridade civil pode dar a um acontecimento. O
rei da Inglaterra, Carlos I, (cabeça da Igreja Anglicana inimiga da Espanha),
informado pelo seu embaixador ficou convencido do milagre, até o ponto de
defendê-lo perante os teólogos da sua Corte, que ficaram escandalizados.
Não consegui descobrir nenhum argumento para dar um
mínimo de credibilidade à suspeita ou à dúvida do milagre. Quem rejeitasse a
verdade do acontecido em Calanda teria que pôr também em dúvida toda a
História, incluindo os fatos certos que estão mais comprovados. Quantos fatos
existem que possam fundamentar-se numa ata notarial outorgada de imediato?
Quantos com um processo levado com todo rigor com dezenas de testemunhos sob
juramento e além disso com a total exclusão de qualquer tipo de interesse
pessoal dos envolvidos na causa?
Messori assim termina o seu estudo: “Se Calanda nos
apresenta como o cume do poder da intercessão e da misericórdia mariana, não é
sem dúvida o único. Em outras muitas pequenas e grandes “calandas” de todos os
tempos e países, um povo fiel e confiante experimentou, e experimenta, que não
iam dirigidas apenas a João as palavras de Jesus agonizante na cruz: “Mulher
eis ai teu filho… eis ai tua mãe” (Jo 19, 26-27). Este povo sabe que Maria é a
mãe benigna e amável para todos que filialmente solicitam a sua intercessão.”
Fonte: Livro “O grande milagre” Autor: Vittorio
Messori
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