NOSSA SENHORA DE COROMOTO - PADROEIRA DA VENEZUELA
No ano de 1652, Nossa Senhora de Coromoto apareceu aos
índios do mesmo nome. Foi declarada Padroeira da Venezuela pelo Episcopado
venezuelano no dia primeiro de maio de 1942. O papa Pio XII a declarou “Celeste
e Principal Padroeira de toda a República da Venezuela” no dia 7 de outubro de
1944. O Santuário Nacional está construído no local da aparição, perto da
cidade de Guanaguanare. O Papa João Paulo II, em fevereiro de 1996, abençoou
pessoalmente este Santuário.
Entre os índios que habitavam a região de Guanaguanare,
havia um grupo conhecido como “Coromotos”. Quando chegaram os colonizadores
espanhóis, os Coromotos se embrenharam na selva, montanhas e vales situados a
noroeste da cidade de Guanare, nas fontes e margens dos rios Tucupido e Anos.
Os Coromotos moraram muito tempo nesses lugares distantes e sua memória foi
sendo perdida, até que chegou o momento de sua conversão, graças à poderosa
mediação da Santíssima Virgem.
Um espanhol honrado e bom cristão, chamado Juan Sánchez,
possuía as férteis terras de Soropo, situadas a quatro ou cinco léguas de
Ganare. A ele se uniram para trabalhar a terra e tratar do gado dois
colonizadores: Juan Sibrián e Bartolomé Ánchez.
Descansando de uma longa viagem em certo dia, do ano de
1651, o Cacique dos Coromotos, acompanhado de sua mulher e filhos, eis que lhes
aparece uma formosíssima Senhora de incomparável beleza, que trazia em seus
braços um preciosíssimo Menino, caminhando sobre as cristalinas águas da
corrente. Maravilhados, contemplam a majestosa Dama; esta lhes sorri
amorosamente e fala ao Cacique em sua própria língua, dizendo-lhe que ali fora
procurar água para colocar sobre a cabeça e assim poder subir aos céus.
Estas palavras foram ditas com tal unção e força que comoveram
o coração do Cacique. Ele se dispôs a cumprir os desejos de tão encantadora
Senhora…
No mês de novembro do citado ano, Juan Sánchez passava
perto daquela região seguindo a estrada denominada “Cauro”, quando ia em viagem
para El Tocuyo. A certa altura, encontra o chefe dos Coromotos, que lhe conta
que uma belíssima Mulher, com uma criancinha formosa havia-lhe aparecido
pedindo-lhe que fosse ao local onde moravam os brancos para buscar água para
molhar sua cabeça, antes de ir para o céu. E acrescentou o Cacique que tanto
ele como todos os de sua tribo estavam dispostos a atender os desejos de tão
excelsa senhora. Juan Sánchez, gratamente surpreendido pelo relato do índio,
disse-lhe que estava indo de viagem para um povoado chamado El Tocuyo. A oito
dias estaria de volta. Quando retornou, Juan Sánchez juntou-se aos Coromotos.
Toda tribo partiu com o espanhol.
Seguindo as indicações de Juan Sánchez, a caravana se
deteve no ângulo formado pela confluência dos rios Tucupido e Guanaguanare, num
lugar que foi chamado de Coromoto. Juan Sánchez foi imediatamente à vila do
Espírito Santo de Guanaguanare e avisou as autoridades sobre o ocorrido.
Os alcaides Dom Baltazar Rivero De Losada e Dom Salvador
Serrada Centeno, que governavam a Vila, dispuseram que os índios permanecessem
em Coromoto e ofereceram-lhes Juan Sánchez para demarcar terras para seus
trabalhos e para doutriná-los nos rudimentos da religião cristã. O abnegado
espanhol cumpriu sua missão cuidadosamente, fazendo de tudo para tornar feliz a
permanência dos índios naquela região.
Os indígenas construíram seus ranchos, receberam as
terras e, contentes, ouviam as explicações doutrinárias que lhes dava o
espanhol, ajudado por sua esposa e os outros dois companheiros. Este trabalho
apostólico foi sendo coroado de êxito. Pouco a pouco os índios iam sendo
batizados.
O Cacique, a princípio, assistia com gosto às instruções,
mas começou a se desgostar e a sentir falta de seus bosques. Não mais frequentou
as reuniões promovidas por Juan, não quis mais aprender a doutrina cristã e se
recusou a ser batizado.
No dia 8 de setembro de 1652, Juan Sánchez convidou os
índios que trabalhavam em Soropo para assistirem a alguns atos religiosos que
haviam sido preparados. O Cacique Coromoto recusou a este convite. Ainda assim,
seus companheiros honraram com humildes preces a Virgem. Isso deixou o Cacique
enraivecido que fugiu para Coromoto.
A cabana do Cacique era a maior entre todas as choças
indígenas, mas era pequena e pobre em comparação às casas dos espanhóis.
Naquela noite se encontravam na cabana uma irmã do Cacique, chamada Isabel e
seu filho, de doze anos e outras duas índias. O Cacique Coromoto chegou muito
triste e calado. Imediatamente deitou-se na esteira.
Vendo o seu estado, ninguém lhe dirigiu a palavra.
Passou-se um longo tempo de silêncio. O Cacique tentava dormir, mas dentro de
sua memória não saía aquela Senhora. Ouvia sua doce voz, contudo, outros
pensamentos turvavam seu triste e melancólico caráter: seu orgulho humilhado
pela obediência e sua desenfreada liberdade, clamava por uma completa
emancipação; certa raiva interna e inexplicável lhe pintava o batismo e a vida
dos brancos como insuportáveis.
Em poucos minutos, a Virgem Santíssima apareceu na cabana
do Cacique, em meio a invisíveis legiões de anjos que formavam seu cortejo.
Dela saíam raios de luz que inundaram a choça. Segundo o testemunho da índia
Isabel a luz era tão potente que parecia a luz do sol ao meio-dia. Mas não
cansava a visão daqueles que a contemplavam tão grande maravilha.
O Cacique reconheceu a mesma bela mulher que, meses
antes, contemplara sobre as águas. O índio pensava, provavelmente, que a
Senhora viera reprovar seu comportamento. Passados alguns segundos, o Cacique
rompeu o silêncio e dirigindo-se à Senhora disse enfurecido: Até quando irás me
perseguir?” Estas palavras impensadas e desrespeitosas mortificaram a esposa do
Cacique, que o consolou: “Não fales assim com a bela mulher. Não tenhas tanto
mal em teu coração”. O Cacique, encolerizou-se e não pôde mais suportar a
presença da Divina Senhora que permanecia à porta dirigindo-lhe um olhar tão
terno e carinhoso, capaz de comover o coração mais duro. Desesperado, o Cacique
saca de um arco com uma flecha e chegando ao auge de sua loucura ameaça
matá-la. Nesse instante, a Excelsa Senhora entra na choça, sorridente e serena,
aproxima-se dele que lança o arco contra o chão. O Cacique tenta abraçar a
Senhora que desaparece, deixando a cabana iluminada apenas pela luz do fogão.
Fora de si e mudo de terror, ele ficou alguns minutos
imóvel, com os braços estendidos e entrelaçados, na mesma posição em que
estavam quando tentara agarrar a Virgem. Ele tinha uma mão aberta e a outra
fechada, que apertava o máximo. Ele sentia que a bela mulher a havia fechado.
Cheio de temor, o índio disse à sua mulher: “Aqui a
tenho!”. As mulheres disseram em coro: “Mostre-nos”. O Cacique abriu a sua mão
e os quatro indígenas reconheceram ser aquela uma imagem e acreditaram que era
a “Bela Mulher”. Quando o índio abriu a mão, a pequena imagem lançou raios
luminosos que causaram grande esplendor. O Cacique começou a suar frio. Com a
mesma fúria de antes, envolve a milagrosa imagem em uma folha e a esconde no
teto de palha de sua casa dizendo: “Aí tu te queimarás, para que me deixes”.
O indiozinho, que interiormente desaprovava a torpe
conduta do tio, prestou bem atenção no esconderijo da imagem e resolveu avisar
Juan Sánchez sobre o que ocorrera. Escapou da casa por volta da meia-noite em
direção a Soropo, enfrentando com coragem todos os riscos. Ao chegar, todos
dormiam. Ele sentou-se à beira da porta e esperou o amanhecer.
A esposa de Juan Sánchez, ao abrir a porta de sua casa na
madrugada do domingo, surpreendeu-se ao ver o menino. Ele contou-lhe tudo que
havia acontecido. A mulher chamou o marido. Juan sorriu e não deu crédito ao
relato do indiozinho, que repetiu sua história veementemente: “Podem ir a
Coromoto agora mesmo e vocês irão comprovar o que digo”.
Retornando à sua casa em Soropo, Juan Sánchez colocou a
pequena imagem, que já começava a ser chamada de Nossa Senhora de Coromoto, em
um altarzinho, alumiando-a com uma vela de cera escura. Esta humilde luminária
ardeu dia e noite, sem consumir-se desde as doze horas da noite de domingo até
à tarde de terça-feira. Este fato foi declarado milagroso, pois o pedaço de
vela deveria arder, no máximo, uma meia hora.
Terça-feira, à tarde, Juan Sánchez foi à Vila de
Guanaguanare (Guanare) onde revelou ao Padre Dom Diego Lozano, tudo quanto
sabia sobre a imagem. Mas este não lhe deu crédito, dizendo que aquela estampa
deveria ser obra de algum viajante. Juan Sánchez, sem se lastimar por isso,
regressou feliz a Soropo, pois comprara o necessário para manter uma lamparina
acesa diante da imagem, que ficou em sua casa até primeiro de fevereiro de 1664,
isto é, um ano e quatro meses.
No dia 9 de setembro, domingo, o Cacique resolveu ir aos
montes com alguns índios. Mal entrou no bosque foi mordido por uma cobra.
Vendo-se mortalmente ferido e reconhecendo no acontecimento um castigo do céu
pela sua péssima conduta com relação à Senhora, começou a se arrepender,
pedindo em altos gritos que lhe administrassem o Batismo.
A casa de Juan Sánchez se transformou num pequeno
santuário. Para aí acorreu toda a população de Guanare atraída pelos milagres,
graças e favores que eram alcançados por intercessão de Nossa Senhora de
Coromoto.
No dia primeiro de fevereiro de 1654 a imagem foi
trasladada solenemente para a igreja de Guanare por ordem do pároco Diego de
Lozano. A devoção popular foi crescendo espantosamente até a coroação
pontifícia em 1952.
A força histórica do fato coromotano repousa
principalmente no testemunho do povo. Uma tradição jamais interrompida. Na
década dos anos 20, houve um evidente ressurgir do movimento coromotano, mas
não se pode dizer que tenha sido o ressurgir de algo morto, pois desde sua
aparição até os nossos dias, o povo da Venezuela jamais deixou de peregrinar a
Guanare para honrar sua padroeira.
Atualmente pode-se afirmar que não existe um só templo
católico venezuelano que não possua uma imagem de Nossa Senhora de Coromoto,
sempre amada e homenageada pelos fiéis.
A recente descoberta
Especialistas trabalhando na limpeza da preciosa relíquia
A relíquia, peça central da história, ficou durante 357 anos sem uma
restauração propriamente dita, o que favoreceu sua deterioração, contribuindo
também para isso guerras civis, revoluções, expulsão de bispos, diminuição do
fervor religioso do próprio clero e perseguições liberais do século XIX. Mas a
partir de 2002 os membros da Fundação Maria Caminho a Jesus e o reitor do
Santuário Nacional de Coromoto, Pe. José Manuel Brito, iniciaram campanha pela
restauração da imagem, tendo conseguido os fundos para tal.
Recentemente, durante a restauração, especialistas descobriram na imagem muitas características especiais, algumas inexplicáveis. No dia 3 de setembro de 2009, a Conferência Episcopal da Venezuela emitiu um comunicado, a partir do qual a agência Zenit extraiu os seguintes dados:
Recentemente, durante a restauração, especialistas descobriram na imagem muitas características especiais, algumas inexplicáveis. No dia 3 de setembro de 2009, a Conferência Episcopal da Venezuela emitiu um comunicado, a partir do qual a agência Zenit extraiu os seguintes dados:
Foto do rosto de Nossa Senhora visto através do microscópio
Ao longo do processo, descobriram-se elementos
desconhecidos. O primeiro fato que chamou a atenção foi que o pH das águas
empregadas no tratamento da relíquia mostrou-se neutro, fato inexplicável.
Foi detectada nas roupas da imagem a presença de vários símbolos, os quais, segundo investigações do antropólogo Nemesio Montiel, são de origem indígena.
Por observação microscópica, conseguiu-se identificar nos olhos da Virgem, de menos de 1 milímetro, a presença da íris, fato particularmente desconcertante, pois julgava-se que os olhos da imagem eram simples pontos.
Ao aprofundar o estudo do olho esquerdo, pôde-se definir que ele apresenta as características de um olho humano; diferenciam-se com clareza o orbe ocular, o conduto lacrimal, a íris e um pequeno ponto de luz. Ampliando esse ponto de luz, pôde-se observar que ele parece formar uma figura humana com características muito específicas. A coroa da Virgem e do Menino Jesus são tipicamente indígenas.
Uma grande esperança
O que pensar disto? Antes de tudo, ficamos impressionados
com o fato de o olho esquerdo da imagem possuir todos os elementos
constitutivos do olho humano, com tantos detalhes. Os índios venezuelanos,
diferentemente dos astecas, incas e outros indígenas com civilização avançada,
nada apresentaram em matéria de pintura.
Foto de Nossa Senhora
de Coromoto
O simples fato de poderem pintar uma imagem já seria
objeto de surpresa e admiração, ainda mais tendo-se em vista que, no longínquo
século XVII, estaria fora de cogitação poderem pintar detalhes só visíveis
modernamente, com a ajuda de microscópios e outros instrumentos. Assim como no
caso de Nossa Senhora de Guadalupe, a ciência moderna veio confirmar que a
tradição da Igreja não é composta de meras fábulas e contos para edificação de
pessoas simples.
Nossa Senhora de Coromoto, Celeste Padroeira da
Venezuela, rogai por nós!
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