MARIA, MEDIANEIRA DE TODAS AS GRAÇAS
MARIA COMO MEDIADORA E DISPENSADORA DE TODAS AS GRAÇAS
Há muitos iludidos que pretendem alcançar a união com Deus sem
recorrer constantemente a Nosso Senhor que é o caminho, a verdade e a vida.
Outro erro seria querer chegar a Nosso Senhor sem passar por Maria, a quem a
Igreja chama, em uma festa especial, Mediadora de todas as graças. Os protestantes caíram nesse erro. Sem chegar a esse ponto, há
católicos que não compreendem a necessidade de recorrer a Maria para conseguir
a intimidade com o Salvador. São Luís Maria Grignion de Montfort fala também de “Doutores
que não conhecem a Mãe de Deus, senão de uma maneira especulativa, árida,
estéril e indiferente; que temem abusar da devoção à Santíssima Virgem, fazer
injúria a Nosso Senhor honrando demasiado a sua Santíssima Mãe. Se falam da
devoção a Maria, não é tanto para recomendá-la como para reprovar os exageros”;
dão a impressão de crer que Maria é um impedimento para conseguir a união com
Deus.
Consiste, diz o Santo, em uma grande falta de humildade
menosprezar os mediadores que Deus nos oferece, tendo em conta nossa
debilidade. A intimidade com Nosso Senhor torna-se muito mais fácil mediante
uma verdadeira e profunda devoção a Maria.
Para formarmos uma ideia exata desta devoção, veremos o que se
entende por mediação universal e como Maria é a medianeira de todas as graças,
conforme afirma a Tradição, o Ofício e a Missa de Maria Mediadora que é rezada
no dia 31 de maio. Muito se escreve sobre o assunto nesses últimos tempos;
consideraremos essa doutrina em suas relações com a vida interior.
Que é mediação universal?
“Ao ofício de mediador, diz São Tomás (Summ. Theol.
III-26-1), corresponde o aproximar e unir àqueles entre quem exerce tal ofício;
porque os extremos se unem por um intermediário. Pois bem, unir os homens a
Deus é próprio de Jesus Cristo que os reconciliou com o Pai, segundo as
palavras de São Paulo (II Cor. V, 19): ‘Deus reconciliou o mundo consigo mesmo
em Jesus Cristo’. Por isso, só Jesus Cristo é o perfeito mediador entre Deus e
os homens, quando por sua morte reconciliou com Deus o gênero humano.
Igualmente, depois de dizer São Paulo: ‘Um só é o mediador entre Deus e os
homens’, Cristo Jesus feito homem continua: ‘que se entregou como vítima por
todos’. Nada impede, contudo, que, em certo modo, outros sejam chamados
mediadores entre Deus e os homens, enquanto cooperam à união dos homens com
Deus, como gestores ou ministros”.
Neste sentido, acrescenta Santo Tomás, os profetas e sacerdotes do
Antigo Testamento podem chamar-se mediadores; e mesmo os sacerdotes da nova
Aliança, como ministros do verdadeiro mediador.
“Jesus Cristo, continua o Santo (Summ. Theol. III-26-2), é
mediador enquanto homem; porque enquanto homem é como se encontra entre os dois
extremos: inferior a Deus por natureza, superior aos homens pela dignidade de
sua graça e de sua glória. Além disso, como homem uniu os homens a Deus
ensinando-lhes seus preceitos e dons, e satisfazendo por eles”. Jesus satisfez
como homem, mediante uma satisfação e um mérito que de sua personalidade divina
recebeu infinito valor. Estamos, pois, diante de uma dupla mediação,
descendente e ascendente, que consistiu em trazer aos homens a luz e a graça de
Deus, e em oferecer-Lhe, em favor dos homens, o culto e a reparação que Lhe
eram devidos.
Nada impede, pois, que, como acabamos de dizer, haja outros
mediadores secundários, como o foram os profetas e os sacerdotes da antiga Lei
para o povo escolhido. Por isso podemos nos perguntar se não será Maria a
mediadora universal para todos os homens e para a distribuição de todas e cada
uma das graças. Santo Alberto Magno fala da mediação de Maria como superior a
dos profetas, quando diz: “Maria foi eleita pelo Senhor, não como
ministra, mas para ser associada de um modo especialíssimo e muito íntimo à
obra da redenção do gênero humano”.
Não é Maria, em sua qualidade de Mãe de Deus, naturalmente
designada para ser mediadora universal? Não é realmente intermediária entre
Deus e os homens? Sem dúvida, por ser uma criatura, é inferior a Deus e a Jesus
Cristo; porém está, por sua vez, acima de todos os homens em razão de sua
maternidade divina, “que a coloca nas fronteiras da
divindade” (Caetano), e pela plenitude da graça recebida no instante de
sua concepção imaculada, plenitude que não cessou de aumentar até sua dormição.
E não somente por sua maternidade divina era Maria a designada
para esta função de mediadora, senão que a recebeu e exerceu de fato.
Isto é o que nos demonstra a Tradição, que lhe outorgou o título
de Mediadora Universal, embora subordinada a Cristo; título por demais
consagrado pela festa especial que se celebra na Igreja universal.
Para bem compreender o sentido e o alcance desse título,
consideremos que lhe convém a Maria por duas razões principais: primeiro, por
haver ela cooperado, pela satisfação e os méritos, ao sacrifício da Cruz;
segundo, porque não cessa de interceder em nosso favor e de obter-nos e
distribuir-nos todas as graças que recebemos do céu.
Tal é a dupla mediação, ascendente e descendente, que devemos
considerar, para dela aproveitarmos sem cessar.
Maria nos obtém e nos distribui todas as graças.
É esta uma doutrina certa da Mãe de todos os homens: como Mãe, se
interessa por sua salvação, roga por eles e lhes consegue as graças que recebem.
No Ave, Maris Stella, canta-se:
Solve vincla reis,
Profer lumen coecis,
mala nostra pelle,
bona cuncta posce.
As prisões aos réus desata.
E a nós cegos alumia;
De tudo que nos maltrata,
Nos livra, o bem nos granjeia.
Leão
XIII, numa Encíclica sobre o Rosário, diz: “Por expressa vontade de
Deus, nenhum bem nos é concedido se não é por Maria; e como nada pode chegar ao
Pai senão pelo Filho, assim geralmente nada pode chegar a Jesus senão por
Maria”.
A Igreja, de fato, se dirige a Maria para conseguir graças de toda
sorte, tanto temporais como espirituais, e, entre estas últimas, desde a graça
da conversão até a da perseverança final, sem excluir as necessárias às virgens
para guardar sua virgindade, aos apóstolos para exercer seu apostolado, aos
mártires para permanecer invictos na fé. Por isso, nas Litanias Lauretanas,
universalmente rezadas na Igreja há muito tempo, Maria é chamada: “saúde
dos enfermos, refúgio dos pecadores, consoladora dos aflitos, auxílio dos
cristãos, rainha dos apóstolos, dos mártires, dos confessores e das virgens”.
Sua mão é a dispensadora de toda sorte de graças, e até mesmo, em certo
sentido, da graça dos sacramentos, porque ela nos mereceu em união com Nosso
Senhor no Calvário, e nos dispõe, também com sua oração, a aproximarmo-nos
desses sacramentos e a recebê-los convenientemente; às vezes até nos envia o
sacerdote, sem o qual essa ajuda sacramental não nos seria outorgada.
Enfim, não só toda espécie de graça nos é distribuída pela mão de
Maria, senão cada graça em particular. Não é
outra coisa o que a fé da Igreja declara nestas palavras da Ave-Maria: “Santa
Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte.
Amém”. Esse “agora” é repetido, a cada minuto, na igreja por
milhares de fiéis que pedem desta maneira a graça do presente momento; e esta é
a mais particular de todas as graças, pois varia em relação a cada um de nós e
para cada um a cada minuto. Embora estejamos distraídos ao pronunciar essas
palavras, Maria, que não o está, e conhece nossas necessidades espirituais de
cada momento, roga por nós e nos obtém as graças que recebemos.
Tal ensinamento, contido na fé da Igreja e expressado pela oração
coletiva (lex orandi, lex credendi), está fundamentado na Escritura e na
Tradição. Com efeito, já em sua vida sobre a terra, Maria aparece na Escritura
como distribuidora de graças. Por ela, Jesus santifica o Precursor [São João
Batista], quando visita sua prima Santa Isabel e entoa o Magnificat. Por ela,
Jesus confirma a fé dos discípulos de Caná, concedendo o milagre que pedia. Por
ela, fortaleceu a fé de João no Calvário, dizendo-lhe: “Filho, eis aí a
tua mãe”. Por ela, enfim, o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos, já que
Maria orava com eles no Cenáculo no dia de Pentecostes, quando o Divino
Espírito desceu em forma de línguas de fogo.
Com maior razão, depois da Assunção, desde sua entrada na glória,
a Santíssima Virgem Maria é a distribuidora de todas as graças. Como uma Mãe
bem aventurada, conhece no céu as necessidades espirituais de todos os homens;
e como é Mãe mui terna, roga por seus filhos; e como exerce poder omnímodo
sobre o coração de seu Filho, nos obtém todas as graças que chegam a nossas
almas e as que se dão aos que não se obstinam no mal. Maria é como o aqueduto
das graças e, no corpo místico, em forma de pescoço que junta a cabeça aos
membros.
A essa altura, já se compreende quão necessário é fazer com
frequência a oração dos mediadores, isto é, começar esta conversa filial e
confiada com Maria, para que nos conduza à intimidade de seu Filho, e a fim de
elevar-nos logo, mediante a santíssima alma do Salvador, à união com Deus, já
que Jesus é o caminho, a verdade e a vida.
Fontes: www.derradeirasgracas.com, Christifidei e www.mariamaedaigreja.net
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