NOSSA SENHORA DE BELÉM
COMEMORAÇÃO LITÚRGICA: 2 DE FEVEREIRO
Tendo nascido Jesus em Belém de Judá, a pequena cidade
tornou-se conhecida e famosa no mundo inteiro, exatamente por ter sido ali o
berço do Salvador da humanidade. Para o local do nascimento acorreram os
pastores, ao anúncio do anjo: “eis que eu vos anuncio uma grande alegria que
será para todo o povo, nasceu-vos hoje o Salvador”. E os pastores disseram:
“Vamos até Belém, e vejamos o que aconteceu, e o que o Senhor nos deu a
conhecer”.
Os magos do Oriente, orientados pela estrela chegaram a
Belém. Lá encontraram o recém-nascido, sua mãe Maria e José, e o adoraram… (Cf.
Mt 2; Lc 2). A partir daí Belém tornou-se lugar de peregrinação. No final do
III e começo do IV século, com as grandes peregrinações aos lugares santos,
Santa Helena, mãe do Imperador Constantino, manda conservar os lugares mais
importantes da vida de Jesus e de Maria, isto já nos anos 330.
Assim são construídas as Basílicas do Santo Sepulcro, em
Jerusalém; da Anunciação, em Nazaré; da Natividade, em Belém. E para reviver
estes acontecimentos nascem as festas e celebrações anuais, como do anuncio, do
nascimento, da apresentação de Jesus no Templo… As celebrações do Oriente
chegam também ao Ocidente. Assim, em Roma, já no século IV, no dia 2 de
fevereiro celebrava-se a festa da “Purificação de Nossa Senhora” ou da
“Apresentação de Jesus no Templo”. No século VI estendeu-se para outros países,
como a França, com um caráter penitencial e com uma benção e a procissão das
velas, passando a ser conhecida popularmente como Nossa Senhora das Candeias.
Assim, comemorava-se o trajeto de Nossa Senhora, com o
menino Jesus e São José até o Templo. Já no começo da era cristã, os cristãos
comemoravam este fato fazendo uma procissão e levando velas acesas nas mãos. A
Idade Média foi marcada por muitas peregrinações à Terra Santa. Religiosos e
peregrinos que visitaram a Terra Santa, devido a uma imagem bizantina da Virgem
Santíssima conhecida como Santa Maria de Belém trouxeram esta devoção que se
espalhou pela Europa, chegando também a Portugal.
No início do século XV, o infante D. Henrique, fundador
da Escola de Sagres e grande incentivador das navegações portuguesas, mandou
construir na praia de Rastelo, em Lisboa, uma igreja dedicada a Santa Maria de
Belém. Foi construída também a Torre de Belém, às margens do rio Tejo. Dizia
ele que, assim como a estrela de Belém guiou os Reis Magos até a manjedoura
onde se achava o Menino Deus, assim também a Senhora de Belém ajudaria a
encontrar novas terras e o caminho para as Índias.
Trazida para o Brasil por Cabral, para os primeiros
povoadores, esta invocação da Mãe de Jesus teve muitos devotos e devotas em
todo o território nacional, especialmente em Itatiba – São Paulo; em Belém – no
Pará; em Guarapuava – Paraná. Em 1809, parte de Curitiba a Expedição
colonizadora de Guarapuava, tendo à sua frente o Coronel Diogo Pinto de Azevedo
Portugal, o Padre Francisco das Chagas Lima e, mais ou menos 300 pessoas.
A busca de novos horizontes tinha também como objetivo propagar a fé. Em 1497,
na pequena ermida de Rastelo, antes de seguir à procura das Índias, Vasco da
Gama passou a noite em oração e assistiu a Santa Missa.
A viagem foi um sucesso. Em agradecimento à proteção da
Soberana dos Mares, el-rei D. Manoel transformou a humilde capela de Santa
Maria de Belém no grande mosteiro conhecido como “Os Jerônimos”. Nossa Senhora
é a “Estrela do Mar”, Nossa Senhora dos Navegantes. Pedro Álvares Cabral, antes
de iniciar sua viagem de descobrimento, na mesma igreja de Santa Maria de
Belém, assistiu a Santa Missa e seguia em procissão com o rei até o cais, onde
a frota estava pronta para zarpar.
Atendendo ao pedido que Maria nos faz continuamente: “Fazei
tudo o que Ele (Jesus) vos disser”. “Deus, fonte e origem de tudo; Jesus, luz que
ilumina as nações; Nossa Senhora de Belém, fazei que, seguindo o caminho da
virtude, cheguemos à luz que não se apaga. Amém”.
FONTE:
Pe. José de Paulo Bessa – Pároco da paróquia Bom Jesus
– Guarapuava e professor universitário. Artigo publicado originalmente em
janeiro de 2006, na edição 327 do Boletim Diocesano. (Com adaptações).
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