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sexta-feira, 27 de março de 2015

NOSSA SENHORA DO MILAGRE DE SALTA

(poderosa intercessora nas catástrofes)



Profunda devoção Ma­riana manifesta-se em setembro, ao norte da Argentina; também se venera nesse mês, na mesma região, bem co­mo ao sul da Bolívia e do Peru, uma imagem do Santo Cristo, tradição esta que perdura há mais de três séculos.

Milhares de peregrinos enchem os caminhos para participar, no dia 15 de setembro, da procissão que percorre as ruas da cidade de Salta (norte da Argentina), chegando a ocupar 11 quarteirões. Como explicar que, neste início caótico do século XXI, até 200 mil pessoas se mobilizem para isto? O que move tantas pessoas a essa peregrinação?


CONHECENDO A HISTÓRIA DESSA DEVOÇÃO

Na casa da família Alarcón, em Salta, no século XVII, venerava-se uma imagem da Imaculada Conceição, trazida da Espanha. Imagem de bom gosto, com cerca de um metro de altura. Uma entre as numerosas imagens que o povo católico venerava em suas casas ou fazendas. Portanto, nada havia nela de especial a assinalar que não existisse de modo semelhante em outras imagens.

 Imagem esquecida e um terremoto

Essa família costumava, cada ano, pagar as despesas de uma procissão que se realizava com essa imagem. Por isso, no dia 8 de setembro a imagem era conduzida à Matriz da cidade, sendo depois levada em procissão pelas ruas, e logo em seguida devolvida à casa da família Alarcón. Inexplicavelmente, no ano de 1692, terminada a festa, não retornou a imagem, que permaneceu esquecida no templo mais alguns dias.

Este fato simbolizava, aliás, a decadência espiritual em que se encontrava a região. Quando tudo corre bem na vida, com frequência o homem se esquece de Deus. E com o olvido advém o relaxamento espiritual. Começam então as contendas, causadas pelo orgulho, e afrouxam-se o laços da moral. Os pecados aumentaram na região, que mereceu ser castigada por Deus, pois um bom pai castiga o filho para evitar que ele se degrade inteiramente.

No dia 13 de setembro de 1692, um terrível terremoto devastou toda a região. A vizinha cidade de Esteco ficou arrasada, prédios destruídos, famílias inteiras sepultadas. Completando a desgraça, o rio Las Piedras transbordou, ficando as ruínas da localidade submersas pelas águas de um lago, e assim permaneceram por mais de oito anos. Portanto, uma terrível catástrofe, após a qual aquela cidade passou a ser apenas uma referência histórica. A própria cidade de Salta foi violentamente atingida. O terremoto prolongou-se por meia hora, duração inteiramente incomum, pois normalmente os abalos sísmicos duram segundos ou poucos minutos, mesmo na hipótese de se repetirem várias vezes.



No próprio castigo, uma misericórdia

Após o terremoto, os habitantes de Salta quiseram entrar para rezar na igreja, que normalmente estava fechada nesse horário, cerca do meio-dia. Ao fazê-lo, encontraram caída ao solo a imagem que havia sido ali deixada após a procissão realizada dias antes. O nicho onde ela se achara ficou totalmente despedaçado, encontrando-se fragmentos dele por todos os lados. Mas a imagem, mesmo tendo caído, permanecera intacta e voltada para o tabernáculo, como que implorando misericórdia para os moradores da cidade. Estes consideraram o fato um sinal de proteção, e, temendo a repetição do sismo, decidiram levá-la à praça, a fim de que fosse venerada pelos que a haviam abandonado.

Os tremores de terra repetiram-se à noite, cessando, contudo, ao amanhecer do dia 14. Entretanto, à tarde desse mesmo dia houve novas trepidações, provocando terror na população.


IMAGEM DO SANTO CRISTO TOTALMENTE ESQUECIDA

Curiosamente, só então os moradores se lembraram de outra imagem — a de um Cristo — que havia sido enviada da Espanha por antigo Bispo de Salta. O navio que transportou a imagem para a América naufragara na costa do Peru, tendo ela aparecido boiando nas águas do porto peruano de Callao. De lá fora a imagem transladada por terra para Salta, seu verdadeiro destino, segundo a intenção do referido Prelado.

Tendo chegado a essa cidade, inexplicavelmente a imagem, ficara esquecida durante um século na igreja Matriz, dela restando apenas vaga lembrança.

Na tarde do dia 14, por inspiração divina, o padre jesuíta José Carrión, conhecido e fervoroso pregador, assegurou que, caso se fizesse uma procissão com esse Santo Cristo, cessaria o castigo. Os padres jesuítas expuseram então a imagem na praça existente diante de sua igreja. Ficaram assim as imagens de Cristo e a da Virgem Santíssima a poucos metros uma da outra.

Na manhã do dia 15 foi realizada, com ambas as imagens, uma procissão, após a qual cessaram os tremores e se restabeleceu a calma. E começou-se naturalmente a falar de milagre.

O terremoto tinha sacudido não só a terra, mas as consciências adormecidas de numerosas pessoas. Muitos se confessaram, outros regularizaram seu casamento, vários restituíram objetos roubados etc. Sob seus olhos era recente a visão da pavorosa destruição da vizinha cidade de Esteco, cujos moradores não tiveram tempo de fazer penitência, pois que foram colhidos repentinamente pela justa cólera de Deus. E aos habitantes de Salta poderia ter sido reservada exatamente a mesma sorte...

Por isto estes decidiram iniciar uma novena para agradecer ao Divino Redentor e a Nossa Senhora, por terem perdoado a cidade. Após a novena, ficou decidido que as duas imagens seriam levadas em procissão.

Procissão que perdura no tempo

Nasceu assim uma tradição que já dura 309 anos. Ano após ano, as duas imagens (que permanecem na catedral, uma de cada lado) são conduzidas em procissão pelas ruas da cidade, protegendo-a contra novos abalos sísmicos e outros males.

Aliás, esses mesmos terremotos têm contribuído para preservar a procissão. Em 1844, por vários motivos, as festas do Santo Cristo e da sua excelsa Mãe não puderam realizar-se em setembro, sendo adiadas. Na noite do dia 18 de outubro a cidade foi sacudida por violentos terremotos. Lembrando-se dos fatos ocorridos em 1692, os saltenhos imediatamente promoveram uma procissão de penitência com as duas imagens. Como consequência desse fato, mediante juramento a procissão foi ratificada.

Em 1948, pouco mais de um século depois, novo terremoto assolou a cidade. Na madrugada desse dia o movimento telúrico foi tão forte, que fez soar os sinos das igrejas. Durante um minuto oscilaram todas as construções. Pareceria que, após tamanho tremor, deveriam sobrevir numerosas desgraças. Entretanto ninguém morreu, e nem sequer uma casa ruiu. Promoveu-se então uma grande procissão de 30 mil fiéis, que externaram seu agradecimento ao Santo Cristo e à Virgem do Milagre.

CATEDRAL NOSSA SENHORA DE SALTA

No presente ano haverá mais uma procissão. Numerosas caravanas deverão chegar, milhares de índios descerão das montanhas rumo à cidade, romeiros cobertos de pó lotarão as ruas, peregrinos caminharão de joelhos, cumprindo promessas.

Aproveitando as admiráveis lições contidas em tais fatos históricos, peçamos à Virgem do Milagre a graça de nunca nos esquecermos dos benefícios recebidos. Não sejamos filhos ingratos, que só se recordam e invocam Deus quando a mão da justiça divina os castiga.

Nota: Agradecemos a valiosa colaboração prestada pelo Sr. Juan Manuel Jallés, da cidade de Salta, Argentina, na redação deste artigo.

Bibliografia:
Pe. Francisco Javier Fernández, Novena del Señor y de la Virgen del Milagro, Ed. Santuario del Milagro, Salta, 1992.
Pe. Pablo García, Maria, Reina y Madre de los Argentinos, Ed. Gram, Buenos Aires, 1980.
Pe. Ruben Vargas Ugarte S.J., Historia del Culto de Maria en Iberoamérica, Madrid, 1956.







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