LIBERTOS PELA INTERCESSÃO DA MÃE

sábado, 4 de abril de 2015

NOSSA SENHORA DO SERINGUEIRO

COMEMORAÇÃO LITÚRGICA: 08 DEZEMBRO

Segundo a história contada pelos antigos, a histórica imagem de Nossa Senhora do Seringueiro fora pintada por um índio boliviano que alegava ter visto Nossa Senhora segurando na mão um ramo de seringueira. não se tem conhecimento do nome do índio, pois este só deixou suas iniciais L.P. no quadro pintado.

O sonho que deu início à construção de uma catedral para a Mãe de Deus.

Dom Francisco Xavier Rey, Bispo fundador da Prelazia de Guajará-Mirim (1932) não tinha catedral. Apenas existia na cidade a Igrejinha Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Havia tempo que Dom Rey, sagrado Bispo em 1948, procurava qual seria o padroeiro de sua futura catedral. Ele podia ter escolhido São Francisco de Assis, muito popular na região por causa dos nordestinos, antigos soldados da borracha e seus descendentes que moravam no Município. Além do mais ele mesmo, Dom Rey, era religioso franciscano, mas algo lhe dizia que tinha que esperar algum sinal.

Este sinal veio uma noite em forma de sonho, este sonho de certa forma, resume e clareia os anseios do Bispo-Prelado de Guajará-Mirim. Eis o seu conteúdo contado pelo próprio D. Rey, por ocasião da abençoada pedra fundamental da Catedral, a 26 de maio de 1956:

"Num sonho que tive anos atrás, por uma noite estrelada de primavera, numa pascana do Guaporé, vi calhapos e mais calhapos saírem de todos os igarapés que nascem na cordilheira, e deslizarem suave e vagarosamente sobre as águas plácidas do Guaporé e Mamoré, até Guajará-Mirim. Nesses calhapos iam famílias inteiras de gente cansada e maltrapilha, doentes, homens com cara defumada, mulheres macilentas e crianças bojudas, saindo do "Inferno verde" em demanda de um raio de sol para o corpo e para alma... "Ao encostarem no porto, vi essas mulheres com crianças no colo correrem para a igreja, comprarem velas e irem ajoelhar-se horas a fio aos pés de Nossa Senhora das Graças, cumprindo promessas, agradecendo favores e pedindo proteção. Enquanto isso os homens afanosos, tiravam peles e mais peles de borracha, enchendo com elas, carroças e caminhões, que vinham descarregar aqui mesmo, nesta praça Duque de Caxias (atual praça D. Francisco Xavier Rey), pilhando essas peles em forma de arcos, de paredes, de Torres de Catedral. e no fundo dessa Catedral, encimando um altar, com colunetas, painéis e retábulos também feitos de borrachas, vi, nimbada de luz resplandecente, a mesma Nossa Senhora da praça Mário Correia, aparecendo com "meigo sorriso" a um pobre seringueiro maltrapilho, de rosto amaciado e minado pela febre, uma coroa de Terço ou rosário na mão, como para lembrar-lhe a existência de um mundo melhor e um dos meios para alcançá-lo: A devoção ao Rosário. Em seguida vi chegar dos 4 (quatro) quadrantes da Terra, a pé, de automóvel, de avião, estes já arvorando, ao lado de São Cristóvão, o escudo protetor de "Nossa Senhora do Seringueiro'', multidões e multidões de romeiros que invadiam o templo rutilante de luz, e ali, ao som dos grandes órgãos e ao repicar dos sinos das majestosas torres, entoavam com entusiasmo e repetiam a porfia, a todos os ecos destes imensos seringais: Ave, Ave Maria, Nossa Senhora do Seringueiro.

Compreendi que o céu inclinara-se sobre este pedaço de terra abandonado pelos homens e que segundo seu costume de ciciar as suas maravilhas em berços humildes, Deus acolhera o torrão humilde de Guajará para ser glorificado pele mundo todo da borracha, através de sua excelsa Mãe, Rainha e protetora do seringueiro.”

Dos perigos da mata virgem, febres, cobras, onças, etc, e do coração angustiado de suas vítimas, originou-se, sob este novo vocábulo, a tradicional e já tão arraigada devoção do seringueiro a sua Excelsa Protetora.

De todos os trabalhos manuais, o seringueiro disperso e isolado pela vastidão da insalubre floresta amazônica, talvez seja o mais desamparado, o mais desprotegido, o mais desconhecido e o mais sacrificado.

Trabalha muito, nas piores condições, e ganha pouco; raramente economiza para melhorar o seu padrão de vida. Mas o seringueiro é religioso. Tem uma fé de remover montanhas. De par com o abandono a que está sujeito, cresce a sua confiança em Deus e Nossa Senhora. Uma vez embrenhado na mata traiçoeira, o pensamento dele não mais se afasta de Deus e sempre se vale da proteção de Nossa Senhora. O seringueiro merecia um sinal visível da proteção perene e invisível da sua Rainha. Da ideia à resolução, da resolução ao projeto, foi só um passo em vias de realização: Fixada na tela pelo pincel artístico duma jovem paulista, ei-la aparecendo, toda envolta em luz celestial, ao seringueiro deslumbrado em plena fauna com, na mão esquerda, o Santo Rosário. Reproduzida em madeira preciosa, pela mão adestrada de um famoso escultor, a estátua original de Nossa Senhora do Seringueiro foi ofertada pelos Bandeirantes Paulistas aos Bandeirantes Amazonenses, numa solenidade de entronização no famoso Santuário, ora em construção, a Ela dedicado, na Sede Prelatícia de Guajará-Mirim/RO.