NOSSA SENHORA DO BELO RAMO
Antes mesmo do descobrimento do Brasil, Nossa Senhora
tinha um santuário no Sul da França, denominado BÉTHARRAM, vocábulo hebreu que
significa "Belo Ramo". Era naquele tempo um dos mais famosos do País
dos Francos. A tradição conta que a primitiva imagem teria sido encontrada num
espinheiro ardente, que atraiu a atenção dos pastores.
O nome de Belo Ramo, no entanto, é justificado pela lenda
de uma menina salva das águas. Colhendo flores nas encostas do rio Gave, ela
escorregou e foi arrastada pela correnteza. Desesperada, pediu socorro a Nossa
Senhora e imediatamente viu perto de sua mão um galho, com o auxílio do qual
pôde chegar à margem, salvando-se. Para testemunhar sua gratidão a jovem mandou
fazer um ramo de ouro, que colocou na mão de sua Protetora.
As discórdias religiosas do século XVI, época das
sistemáticas destruições dos templos católicos pelos protestantes, repercutiram
no sul da França e em 1589 o santuário foi destruído pelo fogo. A imagem da
Virgem, porém, foi levada pelos devotos para a Espanha, onde é venerada com o
nome de Nossa Senhora à Francesa, ou Nossa Senhora à Gasconha. A tradição conta
que na noite do incêndio um fulgor emanava das ruínas do templo, impressionando
a população, que se empenhou em reerguer a Casa de Maria Santíssima. Em 1616
ela foi reedificada e entregue aos Missionários de Garaison. Luís XIII mandou
anexar urna capela em honra de São Luís e Luís XIV concedeu ao santuário uma
boa renda, com a qual os missionários o reconstruíram inteiramente, ficando o
templo de Bétharram concluído em 1661.
No século XVII o doutor da Sorbonne Hubert Charpentier
ali colocou um calvário e assim grande número de romeiros vinham cultuar a
Virgem Maria e a Cruz, num santuário completamente renovado. Conta-se que certa
vez a Cruz das Alturas, como que atacada pelas forças infernais, inclinou-se e
caiu, levantando-se sozinha momentos depois. Os padres capelães resolveram
então erguer ali uma Via-Sacra monumental. Durante a Revolução Francesa, em
1789, o edifício foi poupado, mas as capelas da Via-Sacra foram entregues à
sanha dos destruidores.
No decorrer de sua longa história, Betharram foi
residência de capelães para atender os romeiros; Seminário Maior do bispado de
Bayonne e posteriormente Casa-Mãe da Congregação dos Padres do Sagrado Coração
de Jesus, fundada por São Miguel Garricoits, em 1841.
O padre Garricoits, diretor do Seminário desde 1831,
preocupado em dar nova vida ao cristianismo, enfraquecido com as teorias da
Revolução Francesa, resolveu iniciar o seu apostolado pela juventude, fundando
ali, em 1837, uma escola primária. Dez anos depois criou cursos secundários,
tornando uma realidade o Colégio de Betharram, que continua florescente até
hoje.
Quando o bispo de Bayonne transferiu o Seminário Maior
para aquela cidade, Pe. Garricoits sentiu o chamado de Deus para estabelecer
ali, naquele local privilegiado pela natureza e pela fé, uma comunidade
religiosa, iniciada com pequeno número de sacerdotes, e que rapidamente se
desenvolveu com a adesão de muitas pessoas desejosas de se dedicar ao serviço
do Sagrado Coração de Jesus. Mais tarde foi organizada também uma sociedade de
irmãos leigos, para os quais o Padre comprou sítios, construiu casas, criou
oficinas de alfaiates, padeiros, encadernadores, sapateiros, carpinteiros,
lançando vários deles como professores primários. Ele sonhava com um orfanato
agrícola e industrial.
O antigo prédio do mosteiro ameaçava cair, acontecendo
mesmo um início de incêndio na noite de 22 para 23 de julho de 1939, mas o
padre Miguel conseguiu impedir que ele se alastrasse. Mandou então restaurar o
antigo edifício e o Santuário de Nossa Senhora. Reergueu o Calvário e entregou
o trabalho da Via-Sacra a um jovem artista, Alexandre Renoir. Este deixou oito
grupos de imagens, cujos baixos-relevos se impõem pela majestade soberana do
Cristo. Antes de retirar-se, Renoir ofereceu ao Pe. Garricoits a escultura da
"Madona Branca", que desde então reina no centro do magnífico
retábulo do altar-mor.
No século XIX noventa mil bascos, em busca de trabalho,
tinham emigrado para a América Latina. Isolados pela língua, a fé deles
definhava. As autoridades civis e o Arcebispo de Buenos Aires pediram ajuda ao
bispo de Bayonne, que se dirigiu ao Pe. Garricoits, de origem basca. Atendendo
novamente ao chamado de Deus, os religiosos atravessaram o oceano e iniciaram
sua obra em Buenos Aires, dando início na América Latina a uma epopéia de fé,
que continua até hoje na Argentina, no Uruguai, Paraguai e Brasil.
Os Betharramitas chegaram ao nosso pais em 1935,
instalando sua Casa-Mãe em Passa Quatro (MG). Em 1942 Os padres do Sagrado
Coração de Jesus de Bétharram foram para Conceição do Rio Verde, no Sul de
Minas, onde fundaram uma escola primária-internato. Aos poucos eles abriram
outras casas sob a proteção de Nossa Senhora, como a do bairro de Vila Matilde,
em São Paulo, onde existe a paróquia de Nossa Senhora do Belo Ramo, cuja igreja
foi construída em 1979. Ela é ainda Padroeira do bairro Jacqueline, em Belo
Horizonte/MG (construída em 1977), em Brumadinho (MG) existem dois santuários consagrados à Madona de
Bétharram e, em Campinas/SP a Paróquia Nossa Senhora do Belo Ramo.
PARÓQUIA NOSSA SENHORA DO BELO RAMO - CAMPINAS/SP
PARÓQUIA NOSSA SENHORA DO BELO RAMO
BELO HORIZONTE/MG
Igreja Nossa Senhora do Belo - Ramo Brumadinho/MG
FONTE:
Transcrito do livro "Invocações da Virgem Maria no
Brasil", de Nilza Botelho Megale, Ed. Vozes, 1998, pp. 67- 70.
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