NOSSA SENHORA MENINA
O Culto de Nossa Senhora Menina está inserido na Fé em
Deus, muito antes mesmo de haver existido o cristianismo. Não bastasse as
profecias que, desde a Criação, anunciaram a vinda daquela mulher que esmagaria
a cabeça da serpente Gn. 3, l5, deparam-se-nos as visões do Rei Davi e os
cânticos de seu filho, o Rei Salomão. Não bastasse a esperança sempre viva em
Israel de que essa mulher, descendente de seus Reis, daria a luz o conquistador
do mundo, o fato é que, logo após o passamento da Virgem (ano 45/47 d.C.),
começaram a aparecer escritos, entre eles o Apocalipse de São João (23, l6-l7)
que culminaram com o Proto-Evangelho de São Tiago Menor, que foi texto corrente
nas Igrejas do Oriente, onde até se chegou a supor que se tratasse de uma introdução
ao Evangelho de São Marcos.
O Proto Evangelho de São Tiago Menor trata, antes de
tudo, da Natividade de Nossa Senhora, de Nossa Senhora Menina. Precedentes
desse texto já existiam outros entre os anos 88 e l00 d. C. As citações do
Proto-Evangelho continuaram pelo correr dos séculos, como se vê em Germano I,
Patriarca de Constantinopla (715), André Cretense (720), São João Damasceno
(749). Do Oriente, conhecem-se mais de cinquenta manuscritos do texto, além das
numerosas versões como as Siríacas, as Armênias, as Etiópicas, as Cóptas (sul
do Egito), as Árabes e Eslavas. Do texto revisto e atualizado existem, hoje,
perto de cinquenta edições, principalmente em Italiano, Espanhol, Francês,
Alemão e Inglês, além de que nas mesmas línguas, deparamo-nos com mais de vinte
estudos críticos. As edições são, geralmente, bilíngues, o texto traduzido é
acompanhado pelo original Grego. Desde a previsão de sua vinda a este mundo, a
Virgem Maria é a nossa Rainha, nossa benfeitora e o mais natural traço de união
entre o nosso Deus e a nossa humanidade. Por isso, o culto que lhe prestamos é
de vassalagem, de gratidão e de amor filial. O culto à Santa Mãe de Deus “não é
uma invenção da piedade cristã”. Ela terá, como sempre teve, esse culto, desde
todos os tempos, através mesmo até de outras denominações, sendo sempre, porém,
a Virgem que haveria de dar à luz. Ela terá esse culto até mesmo dos que
insistem em negá-lo porque, negando-o, sabem que ele existe e, querendo
destruí-lo, o configuram.
Desde o século VII, a Igreja do Ocidente celebra a festa
da Natividade de Nossa Senhora, no dia OITO DE SETEMBRO. Aliás, em meados do
século VI, apareceu uma reelaboração do Proto-Evangelho, hoje conhecido com o
nome de Evangelho do Pseudo Mateus que chegou a exercer grande influência
durante a Idade Média. Chegou mesmo a ter uma edição em versos, onde,
entretanto, se atribui a autoria do texto a São Tiago Menor. Como resumo desse
Evangelho, apareceu, talvez por volta do século IX, o Livro do Nascimento de
Maria, atribuído inicialmente, a São Jerônimo. Nossa Senhora é desde o seu
nascimento, a inesgotável fonte de todo o Ministério do Cristo Nosso Senhor. Lc.
10,21-22. Em 1623, era consagrada a Nossa Senhora Menina, no Monte Oliveto,
Itália, a igreja do convento dos monges brancos, dada a profunda devoção de seu
fundador à Virgem Maria. “Em 1757, era publicado o devocionário intitulado
Exercícios Espirituais a serem feitos no dia oito de cada mês, em louvor da
Natividade e Infância da Virgem Maria” das Irmãs Capuchinhas de Santa Maria dos
Anjos. No convento dessas irmãs, mais tarde dispersas pela intolerância do rei,
já se venerava a imagem de Nossa Senhora Menina, despertando extraordinário
fervor e singular devoção entre o povo que, em massa, acorria a solicitar da
Virgem Menina assinaladas graças. Milão, Itália, tornou-se, assim, o centro
dessa piedosa devoção. Durante vinte anos, realizaram-se ali as mais suntuosas
festas da Natividade da Virgem, precedidas, sempre, por frequentadíssimas novenas,
mesmo depois de haver o Rei suprimido a vida do convento de Santa Maria dos
Anjos. Desde 1739, esse mosteiro das capuchinhas possuía a imagem de Nossa
Senhora Menina ofertada àquela comunidade pelo Bispo da Cidade de Como. Essa
imagem, como ainda é a que veneramos na Igreja Católica Apostólica Brasileira,
já era cópia da escultura realizada pela freira Franciscana de nome Isabel
Chiara Fornari, em 1735. A imagem venerada em Santa Maria dos Anjos sofreu,
entretanto, várias mudanças de lugar. De santa Maria dos Anjos foi para o
convento de São Felipe Nery que, em 1800, foi transformado em hospital e, em
1810, em escola pública. Depois de muitas idas e vindas, as freiras se
acolheram a uma pequena casa. A Imagem não podia ser exposta ao público por
determinação das autoridades civis. Entretanto, uma das religiosas, por
agradecimento à Virgem Menina, que a conservara fiel à sua vocação e aos seus
votos religiosos, velava carinhosamente pela milagrosa imagem.
Em 1814, Nossa Senhora Menina recuperou o seu culto
solene. Em 1842, a sagrada imagem passou às mãos das Irmãzinhas Beneficentes
que todos os anos a expunham para as festas de Oito de Setembro. Em 1876, a
imagem foi com as Irmãzinhas para o mosteiro de Santo Apolinário que era o mais
antigo convento de Milão. Em 1884, deram-se dois fatos, desde logo tidos como
miraculosos, na própria enfermaria do convento. O primeiro foi a cura
instantânea da noviça Júlia Macário, totalmente imobilizada no leito em consequência
de um acidente. O segundo, muito mais espantoso, foi a cura repentina da irmã
Josefina Woinovich, há 17 meses com paralisia geral e já, com a assistência da
própria mãe, às portas da morte. A notícia correu e o Arcebispo de Milão, Dom
Luigi Nazari di Calabiana, apressou-se a ir ao convento prestar sua homenagem à
Virgem, naquelas roupagens de recém nascida e em seu pequenino berço.
Oração
Dulcíssima Menina Maria, que destinada a ser Mãe de Deus,
passastes a ser também nossa augusta soberana e Mãe amadíssima, pelas graças
prodigiosas que realizastes no meio de nós, ouvi, piedosa, as nossas humildes
súplicas. Nas necessidades que de todos os lados nos oprimem, e especialmente
nesta presente tribulação, nós nos confiamos de todo a Vós.
Ó Santa Menina, em virtude dos privilégios concedidos
unicamente a Vós e pelos méritos que adquiristes, mostrai-Vos ainda hoje
piedosa para conosco. Mostrai que a fonte dos tesouros espirituais e dos
contínuos bens que dispensais é inesgotável, porque limitado é também o poder
que exerceis junto do Coração paternal de Deus. Pela imensa profusão de graças
com que o Altíssimo Vos enriqueceu, desde o primeiro momento da vossa Conceição
Imaculada, dignai-Vos conceder-nos, ó Celestial Menina, a nossa petição, e
louvaremos eternamente a bondade do vosso Imaculado Coração. Amém.
FONTE:
Padre Luizinho, missionário na Canção Nova
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